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sábado, 13 de janeiro de 2007

Uma Questão de Representatividade


O Ensino Superior em Portugal é hoje uma pérola que importa preservar e inovar. A aposta na formação das camadas mais jovens é uma necessidade real, que requer políticas fortes e empreendedoras, idealizadas por pessoas conhecedoras da realidade actual e com a noção das verdadeiras necessidades do sistema.
Com o acesso fácil à informação que hoje nos é dado pelos mais variados meios de ligação em rede física ou virtual, a sociedade civil tem vindo a tornar-se crítica e ponderada, reclamando com cada vez mais frequência uma série de renovações nos pilares basilares do nosso meio. A Educação é um desses pilares basilares e a sua excelência deve ser a visão comum de todas essas críticas construtivas.
Acredito fortemente no optimismo da sociedade e esforço-me por interpretar da melhor forma as manifestações que ouço, leio e discuto.
Pedra fundamental do Ensino são os estudantes, porque para eles existe esse sistema de transmissão de conhecimento, sendo eles o objectivo mais forte de toda essa rede de meios, pessoas e infraestruturas. Como tal, os estudantes devem e podem cada vez mais ser chamados a intrevir, numa prespectiva de recolha de informação e decisão daqueles que são terreno de acção de docentes e investigadores.
As associações de estudantes deixaram há muito de ser apenas um instrumento para a promoção do convívio cultural, desportivo e recreativo, sendo hoje verdadeiros centros de discussão e informação acerca dos meios de Ensino e do estado da Educação. Os seus organigramas reestruturaram-se, e nos tempos que correm, muitas são as associações de estudantes com estrutura similar a pequenas e médias empresas, tendo algumas recursos invejáveis que usam em prol dos seus associados. As disputas eleitorais não se centram apenas nas promessas da realização de convívios ou actividades lúdicas, mas também nas opiniões sobre a melhoria da qualidade de Ensino, a formação pós-graduada, o Processo de Bolonha, as saídas profissionais,...
Dar voz aos estudantes e intregá-los nos orgãos de gestão e administração dos estabelecimentos de Ensino é uma necessidade preemente que se pode revelar lucrativa, como de resto já acontece em alguns estabelecimentos de Ensino.
A era dos estudantes de pensamento radical está distante, e nos dias de hoje é reconhecido um amadurecimento óbvio nas estruturas de pensamento dos alunos.
Não obstante tudo isto, continuam a existir em Portugal estabelecimentos de Ensino autistas, com "gestores" e docentes centrados sobre si próprios, assumindo para si como verdade que os alunos são instrumentos estanques do seu trabalho, meras máquinas de assimilação de matéria, não aceitando a sua capacidade crítica e de construção de juízos de valor.
Continuamos a assistir no nosso país a reestruturações de cursos, espaços e meios, centrados nos ramos da investigação e da promoção dos docentes, renegando muitas vezes para segundo plano a real dimensão dos estabelecimentos de Ensino - o próprio Ensino!
Está nas mãos dos estudantes eleitos para as estruturas académicas, a capacidade de promover a mudança e a inovação!
Cabe aos colegas recolher informação junto dos seus pares e representar da forma mais profícua possível!
Porque no Ensino Superior deve coexistir a par da transmissão de conhecimentos técnicos uma disposta Educação para a Cidadania, há necessidade de consciencializar o meio e renovar positivamente as estruturas psicológicas e organizacionais da Educação em Portugal!

[Neste momento exerço funções de representação como membro do Senado da UL, da Comissão Premanente de Acompanhamento do Senado da UL, da Assembleia de Representantes da UL, da Assembleia de Representantes da FML e do Conselho Pedagógico da FML.
No passado fui membro executivo da Direcção da AEFML e da ANEM, bem como Presidente do Conselho Fiscal da ANEM. Tive assento no Conselho Directivo da FML.]

1 comentário:

José Carrancudo disse...

O ensino superior já está a sofrer as consequências da crise educativa nacional, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, já não temos alunos competentes em número suficiente, o que inevitavelmente provoca uma degradação crescente da qualidade dos cursos superiores.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua integra, e não apenas para os assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendo a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.