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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quantos cafés?

Alguém tem a receita para o número de cafés que é preciso tomar para despertar e ter boa disposição?
Devo estar a ficar com resistência ao café, como de resto devo ter desenvolvido qualquer tipo de anticorpos para a disposição matinal.
Antes acordava de um pulo, bem disposto, a cantar e com um sorriso nos lábios. De lá para cá tem sido um agravar constante da disposição matinal, associado a uma má-disposição visceral, falta de paciência e uma sensibilidade de cavalo - os cavalos que não se ofendam!
Na sequência disto acho que tudo se resolve com café - depois do almoço UM, chegado ao destino UM, meio da manhã UM, depois do almoço UM...
Vamos parar com isto por favor?! Os cafés não são quantitativa e qualitativamente o melhor néctar despertatório dos deuses... Jovem, começa a deitar-te mais cedo!...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um Homem Inteligente Falando Sobre Mulheres


"O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.

Tenho apenas um exemplar em casa,que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'

Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat: Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

Alimentação correta: Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo' no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

Flores: Também fazem parte de seu cardápio - mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

Respeite a natureza: Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação? Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

Não tolha a sua vaidade: É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

Cérebro feminino não é um mito: Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não faça sombra sobre ela: Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bun...

Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire ga...y.

Só tem mulher quem pode!
"

Luiz Fernando Veríssimo

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

De branco

A cor branca é sinónimo de uma qualquer pureza que não existe.
Paredes brancas, estofos brancos, batas brancas, fardas brancas... Mas será que a cor podre é branca? Ou branco é só o lacado que esconde o que de pior tem o ser humano?
Imaculada existência errada!

Pequeno-almoço

Pequeno-almoço: baguete com queijo e meia de leite!
Ritual saudavelmente bizarro...
Apetece-me comer gambas!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dinheiro - Portugal € vs. $ EUA

Decidi adaptar um texto que recebi por mail… mais um!
Nesta altura da “bela vida portuguesa”, estas reflexões fazem algum sentido, por muito que possam ter uma ou outra imprecisão, elas acarretam o conceito de desânimo generalizado. A forma pode não ser a melhor, mas o conteúdo sério!


Não há nenhum português que não se auto-intitule de “coitadinho” e que não se encare como fazem parte da cauda da Europa – geograficamente e monetariamente!
Atravessemos o Atlântico em linha recta – de Lisboa a Nova Iorque – e façamos algumas comparações:
- em Portugal paga-se por um litro de gasolina mais do triplo do que nos EUA.
- em Portugal pagam-se tarifas de electricidade e de telemóvel 80% mais caras do que nos EUA
- em Portugal pagam-se comissões bancárias por serviços e cartas de crédito ao triplo do que nos EUA
- em Portugal pagam-se €20000,00 por um carro que nos EUA custa $12000 (€8320,00) – pagamos mais €11640,00 de impostos.
- no estado de Nova Iorque, o governo estudal cobra apenas 2% de IVA, tendo em conta que o governo federal cobra mais 4%, o IVA total são é 6%; em Portugal, ainda pagamos 21% (mas vai aumentar…), sem esquecer os impostos municipais.
- o vencimento do Governador do Banco de Portugal é quase 3 vezes superior ao do Governador do Banco Federal dos EUA
- em Portugal gastam-se verdadeiras fortunas no início do ano lectivo, mesmo que um filho frequente a escola pública, enquanto nos EUA a escola pública empresta os livros e material às crianças, com o critério que lhe é devido
- em Portugal temos "impostos de luxo" para a gasolina, gás, álcool, cigarros, cerveja, vinhos, etc, que fazem com que esses produtos cheguem, em alguns casos, a custar mais 300% do valor original; em Portugal há ainda impostos sobre a renda, os salários, os automóveis novos, os bens pessoais, os bens das empresas, a circulação automóvel… Cobram-se impostos em Portugal sobre ganhos por adiantado e bens pessoais mediante retenções, como se considerássemos que os negócios da nação e de todos os seus habitantes terão sempre ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção de alguns governantes e autarcas e dos preços exorbitantes de grande parte dos bens de primeira necessidade, como os carros utilitários, uma casa para morar, a água e a electricidade.
- quando um banco privado declarou recentemente a falência, o Estado arcou com as consequências – o Estado somos todos nós!
- em Portugal pagam-se salários com uma discrepância irreal: de €420,00 a €24000,00 por mês - em Portugal sustentam-se reformas miseráveis de €120,00 a aposentados que mal se conseguem mexer de tão gastos pelo trabalho de uma vida, mas existem reformas milionárias de antigos detentores de altos cargos do Estado (alguns somam inclusivamente várias reformas) por trabalho de um ano ou pequenas comissões de serviço, em idades activas e que continuam a trabalhar somando verdadeiras fortunas mensais
- nos EUA não se pagam impostos sobre o rendimento se se auferir menos de $3000,00 por mês (€2080,00)

A conclusão fácil é que em Portugal não há pobreza , há antes dinheiro mal gerido e muito mal gasto!
Dá que pensar…

Aumento do IVA



"O leite com chocolate passa de 6% para 23% de IVA. O vinho mantém-se a 13%. Os miúdos vão passar a levar um pacotinho de Porta da Ravessa para a escola..."

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O meu outro blog - Nós e Saúde

Para além deste "espaço de espaços" escrevo também num outro blog - Nós e a Saúde (em http://www.noseasaude.blogspot.com/).
Foi um blog desactivado durante muito tempo, mas onde progressivamente recomeço a escrever várias coisas relacionadas com a Saúde em geral e a Medicina em particular.
Deixo-vos o desafio de começarem a frequentá-lo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Frustração!

Gostava de ter nascido filho de um rei qualquer! Mas um rei bom! Ser varão para poder ser o mais importante e, mais tarde, rei!
O meu pai devia ter sido um rei pós-moderno, um tipo barrigudo, com bigode, bem-disposto e adorado pelo povo. A fotografia podia ser a do rei D. Carlos, mas a relação com o povo deveria ser apoteótica. Um reino rico, pessoas trabalhadoras, uma nação próspera e eu com a vida facilitada.
Devia ter nascido filho de um rei! Podia ser ignorante, burro, mal-formado,... no fundo, tudo me estava garantido. Mesmo que fosse considerado inapto, o meu irmão assumiria o trono e eu tinha tudo ao meu dispor na mesma! Príncipe consorte, estúpido, mas cheio de sorte!
Devia ter nascido filho de um rei para poder dizer “basta” e a expressão bastar-se a si mesma, e para poder dizer “não quero” implicando que ninguém mais quisesse!
Às vezes apetecia-me mesmo ser filho de um rei, mas depois caio na vida real e apercebo-me que talvez não tivesse piada nenhuma! Não ter que me preocupar com o meu futuro fazendo um real investimento em mim, não tinha graça nenhuma – o problema é que custa muito! Obviamente que os filhos dos reis podem investir em si, mas a garantia já existe e a “luta” está ganha! E apostar, “lutar” e investir custa muito... custa muito abdicar da vida moderna.
A sociedade de hoje não está feita para as pessoas se concentrarem. A vida é tida numa real superficialidade que assusta! Na classe média portuguesa (o grosso da nossa sociedade, se as coisas não piorarem) ninguém vive sem uma rede social online e todos os dias, várias vezes por dia, a frequenta; ninguém vive sem consultar a caixa de mail várias vezes por dia; ninguém vive sem 100 ou mais canais de televisão em casa; ninguém vive sem sei lá o quê – fala-se de gadgets que aspiram, cozinham, lavam, dão segurança, e até fazem chamadas telefónicas!
E no fundo ninguém aprofunda nada, nem as relações interpessoais... As consultas médicas são feitas com o médico a olhar para o computador, já não vamos à repartição de finanças porque fazemos tudo online, encomendamos o jantar por telefone, e pedimos à senhora para, à noite, nos vir buscar a roupa para passar a ferro. Amavelmente, no dia seguinte, a roupa é devolvida à noite.
Vivemos numa sociedade todos os dias diferente, todos os dias renovada e todos os dias confusa. E eu devia ter nascido filho de um rei! Talvez não frustrasse tanto! Quero absorver tudo à minha volta e disperso-me na real dimensão das coisas. Sou solicito e solicitável, tento ser diligente, nunca aprendi a dizer “não” e adoro trabalhar! Estúpido, quem é que gosta de trabalhar? E depois frustro! Frustro e não dou de mim o que devia ao que devia dar de mim! Confuso? Também eu!
Toda esta confusão se alicia a saudades: saudades de ver a neve, de ser puto e vestir um casaco amarelo, de ver o meu avô sem cabelos brancos, saudades de ir andar de bicicleta para a rua (primeiro obrigado, depois com gosto), saudades da minha casa antiga, saudades de quem já não está, saudades do Natal, saudades de tanta coisa, saudades de não ter computador em casa! Sim, no início da minha adolescência eu não tinha computador em casa. No 2.º ciclo ainda fiz trabalhos para entregar à mão em que colava imagens recortadas. E também comi muito doce “Casa de Mateus”, vi a “Rua Sésamo”, quis ser o “Capitão Planeta”, gravei o “Kissifur” em VHS, fui fã dos “Motorratos de Marte” e das “Tartarugas Ninja”, vi a primeira edição da “Carrinha Mágica”, vi muita televisão só com o “Canal 1” e o “Canal 2” da RTP, levei um dia inteiro a chegar a Vilar Formoso (saía de Almada às 6h da manhã, passava pelo mítico Infantado e chegava ao portão castanho de Vilar Formoso ao fim do dia, para jantar), eu até estive no último comício do Cavaco Silva quando se candidatou a primeiro-ministro a última vez – e a Alameda D. Afonse Henriques cheia... e eu cá atrás, puto, em cima de um atrelado de uma mota!
Tudo isto porque durante a adolescência da minha geração houve muitas mudanças sociais e um grande boom tecnológico. Talvez haja em todas as gerações, mas eu sinto a minha mudança e o meu boom, não quero saber dos outros! E fico frustrado!
De tanta frustração, agora, não me apetece escrever mais!!!

domingo, 3 de outubro de 2010

Imaginem

"Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento. Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.
Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.
Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas. Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto , da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país seremos se não o fizermos."

Mário Crespo

Mais do que política de esquerda ou direita, trata-se de pensar em nós enquanto colectivo... Como garantir que tudo não descamba?

Chuva ao Domingo

A chuva trás uma disposição diferente às coisas. No escorregadio caminho que cria, deixa-nos a certeza de um passo menos firme e menos certo. Se a isto juntarmos o facto de hoje ser Domingo, para mim o dia mais depressivo da semana, o estado de espírito entre em modo negativo, e...
Bem, vou agarrar-me às minhas obrigações e esquecer a chuva e o Domingo... Força!

sábado, 2 de outubro de 2010

Um dia eu vou aprender tudo isto!

"Você aprende!
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute, quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que se teve, e o que você aprendeu com elas,
do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes, e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o amo com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar
ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás, portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores...
E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

William Shakespeare

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Falta de força!



Houve alturas em que parecia que agarrava o mundo com uma mão, e agora parece que tudo foge...

sábado, 11 de setembro de 2010

Festejos!

Os aniversários não devem ser apenas para o dia em que nascemos. Se eles implicarem festejo, celebremos todas as datas que nos marcaram pela positiva! Parabéns!

sábado, 4 de setembro de 2010

Rir

Rir é um remédio fantástico para desbloquear a mente e alargar os freios do espírito.
Rir é um ruído agradável que significa felicidade e preenche um espaço cheio de nada em tudo o que há de melhor - quando rir é genuíno, rir é o melhor remédio!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Escrever

A escrita tem uma série de variantes interessantes! Escrever é juntar uma série de letras em palavras, palavras em frases, frases em parágrafos, parágrafos em pequenos ou grandes textos, em jeito de conto, história, biografia, romance, drama, novela, ensaio, rubrica,... eu sei lá!
Escrever é a arte de cada um que escreve, sem que necessariamente isso implique a boa prática do conceito de escrita, na relatividade das interpretações que lhe damos.
Dos textos mais técnicos até aos mais evasivos, pautam-se uma série de diferenças de forma e de conteúdo, mas todos reúnem uma característica essencial: quem escreve um texto não sabe fazê-lo sem espelhar o mínimo que seja da sua personalidade e das suas vivências.
Na simplicidade mais singela de um texto escrito, é impossível não encontrar uma felicidade, uma frustração, um estado de alma, um episódio ou mesmo uma história de amor! Acaba por haver sempre um requinte de auto-biografia mesmo que o intuito não seja esse!
E depois há aquele anseio estúpido de quem gosta de escrever, às vezes sobre nada, na reunião aleatória de conceitos... mas cedo chega o bloqueio, e não mais do que meia dúzia de palavras juntas.
Alguém dizia: "gostava de ler textos teus com mais de duas linhas". Aqui está um! E que diz ele? Que hoje há uma vontade de escrever sobre qualquer coisa, nem que seja sobre o simples acto de escrever! Que comentário merecerá? Talvez nenhum! Mas que importância isso tem? Não sei!
Que raio de mania que tenho em analisar tudo! Espero continuar assim!

Erro!

Errar não é um defeito, não assumir o erro é ter falta de qualidade!

domingo, 29 de agosto de 2010

Trabalhamos muito

Quando eu crescer quero ser qualquer coisa que me faça feliz.
Quando eu crescer quero fazer qualquer coisa que me preencha e me traga felicidade e me dê sustento!
Quando eu era pequeno não sabia o que queria ser e, agora que cresci qualquer coisa, sei que aquilo que sou me preenche mas me deixa todos os dias uma grande dose de frustração!
A responsabilidade dos actos fica com quem os pratica, mas há a necessidade de fazer essa responsabilidade baseada no conhecimento e na boa prática!
A reflexão banal das coisas em Medicina leva-nos sempre ao ponto em que falamos de um médico sabedor e trabalhador tendo como objecto os seus doentes que tenta tratar. E depois concluímos sempre que o médico se esforça e investe muito no seu conhecimento, e nas muitas horas que trabalha é levado sempre até à exaustão...
Mas será sempre assim?

domingo, 22 de agosto de 2010

Virtual Insanity

Há rotinas que custam quebrar...
Às vezes pergunto-me porque vou tantas vezes ao facebook!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

We are the world

Ainda alguém se lembra do Haiti?

Heal the World

Já alguém pensou nisto?

Your Song

Nada é meu!

Rocket Man

Tipo foguete, sempre apressado, qual lebre da Alice no País das Maravilhas...
Cheio de pressa de estar aí, aqui, ali, agora, já, porque há sempre a necessidade e a ânsia da presença pela simples necessidade de ser assim!
Estranho? Eu!

Don't let the sun go down on me

Às vezes parece real... o sol desce, queima tudo e fico só eu a andar não sei bem por onde!
Não é mal de amor mas antes de mim mesmo!
Sou complicado porque sim, penso demais e por vezes faço de menos, mas sou assim! Recorrentemente depressível mas animado, insistentemente presente mas inocente, totalmente disponível e, por isso, sempre muito ocupado!
Ainda não aprendi a viver! Será?

I have a dream - Martin Luther King

August 28, 1963. Washington, D.C.

I am happy to join with you today in what will go down in history as the greatest demonstration for freedom in the history of our nation. [Applause]

Five score years ago, a great American, in whose symbolic shadow we stand signed the Emancipation Proclamation. This momentous decree came as a great beacon light of hope to millions of Negro slaves who had been seared in the flames of withering injustice. It came as a joyous daybreak to end the long night of captivity.

But one hundred years later, we must face the tragic fact that the Negro is still not free. One hundred years later, the life of the Negro is still sadly crippled by the manacles of segregation and the chains of discrimination. One hundred years later, the Negro lives on a lonely island of poverty in the midst of a vast ocean of material prosperity. One hundred years later, the Negro is still languishing in the corners of American society and finds himself an exile in his own land. So we have come here today to dramatize an appalling condition.

In a sense we have come to our nation's capital to cash a check. When the architects of our republic wrote the magnificent words of the Constitution and the declaration of Independence, they were signing a promissory note to which every American was to fall heir. This note was a promise that all men would be guaranteed the inalienable rights of life, liberty, and the pursuit of happiness.

It is obvious today that America has defaulted on this promissory note insofar as her citizens of color are concerned. Instead of honoring this sacred obligation, America has given the Negro people a bad check which has come back marked "insufficient funds." But we refuse to believe that the bank of justice is bankrupt. We refuse to believe that there are insufficient funds in the great vaults of opportunity of this nation. So we have come to cash this check -- a check that will give us upon demand the riches of freedom and the security of justice. We have also come to this hallowed spot to remind America of the fierce urgency of now. This is no time to engage in the luxury of cooling off or to take the tranquilizing drug of gradualism. Now is the time to rise from the dark and desolate valley of segregation to the sunlit path of racial justice. Now is the time to open the doors of opportunity to all of God's children. Now is the time to lift our nation from the quicksands of racial injustice to the solid rock of brotherhood.

It would be fatal for the nation to overlook the urgency of the moment and to underestimate the determination of the Negro. This sweltering summer of the Negro's legitimate discontent will not pass until there is an invigorating autumn of freedom and equality. Nineteen sixty-three is not an end, but a beginning. Those who hope that the Negro needed to blow off steam and will now be content will have a rude awakening if the nation returns to business as usual. There will be neither rest nor tranquility in America until the Negro is granted his citizenship rights. The whirlwinds of revolt will continue to shake the foundations of our nation until the bright day of justice emerges.

But there is something that I must say to my people who stand on the warm threshold which leads into the palace of justice. In the process of gaining our rightful place we must not be guilty of wrongful deeds. Let us not seek to satisfy our thirst for freedom by drinking from the cup of bitterness and hatred.

We must forever conduct our struggle on the high plane of dignity and discipline. We must not allow our creative protest to degenerate into physical violence. Again and again we must rise to the majestic heights of meeting physical force with soul force. The marvelous new militancy which has engulfed the Negro community must not lead us to distrust of all white people, for many of our white brothers, as evidenced by their presence here today, have come to realize that their destiny is tied up with our destiny and their freedom is inextricably bound to our freedom. We cannot walk alone.

And as we walk, we must make the pledge that we shall march ahead. We cannot turn back. There are those who are asking the devotees of civil rights, "When will you be satisfied?" We can never be satisfied as long as our bodies, heavy with the fatigue of travel, cannot gain lodging in the motels of the highways and the hotels of the cities. We cannot be satisfied as long as the Negro's basic mobility is from a smaller ghetto to a larger one. We can never be satisfied as long as a Negro in Mississippi cannot vote and a Negro in New York believes he has nothing for which to vote. No, no, we are not satisfied, and we will not be satisfied until justice rolls down like waters and righteousness like a mighty stream.

I am not unmindful that some of you have come here out of great trials and tribulations. Some of you have come fresh from narrow cells. Some of you have come from areas where your quest for freedom left you battered by the storms of persecution and staggered by the winds of police brutality. You have been the veterans of creative suffering. Continue to work with the faith that unearned suffering is redemptive.

Go back to Mississippi, go back to Alabama, go back to Georgia, go back to Louisiana, go back to the slums and ghettos of our northern cities, knowing that somehow this situation can and will be changed. Let us not wallow in the valley of despair.

I say to you today, my friends, that in spite of the difficulties and frustrations of the moment, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal."

I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slave owners will be able to sit down together at a table of brotherhood.

I have a dream that one day even the state of Mississippi, a desert state, sweltering with the heat of injustice and oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.

I have a dream that my four children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.

I have a dream today.

I have a dream that one day the state of Alabama, whose governor's lips are presently dripping with the words of interposition and nullification, will be transformed into a situation where little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls and walk together as sisters and brothers.

I have a dream today.

I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed, and all flesh shall see it together.

This is our hope. This is the faith with which I return to the South. With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope. With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.

This will be the day when all of God's children will be able to sing with a new meaning, "My country, 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing. Land where my fathers died, land of the pilgrim's pride, from every mountainside, let freedom ring."

And if America is to be a great nation this must become true. So let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire. Let freedom ring from the mighty mountains of New York. Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania!

Let freedom ring from the snowcapped Rockies of Colorado!

Let freedom ring from the curvaceous peaks of California!

But not only that; let freedom ring from Stone Mountain of Georgia!

Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee!

Let freedom ring from every hill and every molehill of Mississippi. From every mountainside, let freedom ring.

When we let freedom ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O mundo muda... E o Brasil? Muda?

A candidata à presidência do Brasil pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, tem 43% das intenções de voto e poderia vencer as eleições na primeira volta, segundo uma sondagem, divulgada hoje pela imprensa brasileira.

Red Alarm

Emergency! Mais 24h...

terça-feira, 13 de julho de 2010

Viagem

Vou de viagem e já volto... Não conheço quem levo... Espero que corra bem!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dispneia

Às vezes não entendo de onde vem esta falta de ar...
Quando começou?
Alivia ou agrava?
Dói o peito?
E tosse? Tem tosse?

Não, só tenho falta de ar...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Serviço de Urgência

Estão agora à minha frente: a minha paixão - os meus doentes!
Meus por momentos, quando os observo e lhes toco, e lhes digo que vou fazer o melhor que souber!
E que sei eu? Sinto-me tão ignorante...

sábado, 8 de maio de 2010

Visita do Papa a Portugal... Para pensar!

(Antes, uma ressalva: sou católico!)

Alguns exemplos de valores para reflectir:
- Custos de melhoramentos no santuário de Fátima - €500.000,00 gastos pela Câmara Municipal de Ourém - o Estado português forneceu €430.000,00
- Custos da estadia do Papa no Porto: €300.000,00 gastos pela Câmara Municipal do Porto
- Preço do altar instalado em Lisboa para 1 missa: €200.000,00
- De todos os custos apenas a estadia e restantes custos dentro da cidade de Lisboa não foram assegurados pela Câmara Municipal e foram conseguidos com donativos.

Os orçamentos das câmaras municipais são uma grande parte do Orçamento de Estado.

Outros valores:
- Preço médio de uma embalagem de anti-diabético oral combinado: €5,00
- Preço médio de uma embalagem de anti-inflamatórios utilizados para doenças inflamatórias em fase aguda (em que a dor é o sintoma dominante): €5,00 a €10,00
- Preço médio de uma embalagem de diurético utilizado, entre outros, para baixar a tensão arterial: €3,00 a €6,00

TODOS OS DIAS SÃO OBSERVADAS, NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA E CONSULTAS, PESSOAS QUE VIVEM COM DORES INTENSAS, RISCOS GRAVES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO E DIABETES, QUE LHES PODEM TRAZER COMPLICAÇÕES GRAVES, MUITAS VEZES POR FALTA DE DINHEIRO PARA COMPRAR OS MEDICAMENTOS PRESCRITOS.

Tudo isto dá para reflectir... Fica a mensagem!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Metafísica

Estou sentado num sítio onde me sento todos os dias. Contudo, em nenhum de todos esses dias despendi um segundo que fosse a escrever aqui. Hoje apetece-me estar sentado nesta cadeira onde penso ciência todos os dias, e pensar noutra ciência.
No fundo, a metafísica é a ciência que nos permite ter consciência de nós próprios! Será?
Há muitos anos atrás, havia uma sebenta do IST com aseguinte inscrição: "Copiar em Metafísica é olhar a alma do colega do lado!" - poético e esclarecedor!
Cada vez mais tenho curiosidade em entender a 100% o que é isso da metafísica, porque todos os meus problemas só podem ser metafísicos - uma vez que não se vêm, não se palpam, nem se cheiram!
Os problemas do foro da alma têm este grande problema - são metafisicamente incompreensíveis...
E eu aqui, sentado nesta cadeira de todos os dias a falar de nada!

sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril

(Discurso proferido na Sessão Solene sobre o 25 de Abril da Assembleia de Freguesia do Pragal no dia 23 de Abril de 2010. A Sessão Solene decorreu na Associação Manuel da Fonseca, na PLURICOOP.)

Exma. Sra. Presidente da Assembleia de Freguesia do Pragal – Dra. Neuza Alves Salgueiro – e demais membros da mesa,

Exmo. Sr. Presidente do Executivo da Junta de Freguesia do Pragal – Dr. Carlos Mourinho – e demais membros do executivo,

Exmo. Sr. Representante do Presidente da Associação 25 de Abril – Capitão de Mar e Guerra Carlos Alberto Marques Machado dos Santos (na sua pessoa cumprimento todos os militares de Abril),

Exmos. Srs. Convidados,

Caros colegas Membros da Assembleia de Freguesia do Pragal,

Demais representantes de órgãos públicos do concelho de Almada,

Cidadãos,

Abril cabe no nosso vocabulário como sinónimo de Liberdade! Sobre este tão simples conceito, de difícil conquista prática, passaram 36 anos de História.

36 anos passados e há uma sociedade renovada! Na aceleração mais ou menos positiva da evolução concreta, das estruturas sociais e da Economia, estão já enraizados conceitos sinónimos de direitos fundamentais. No país em que hoje vivemos preconiza-se a Educação para todos, um Serviço Nacional de Saúde universal, um sistema organizado de Segurança Pública, vias físicas e virtuais de comunicação, a moderação de uma Economia de mercado, o contacto com a Europa onde nos inserimos e com o resto do mundo que em tempos ajudámos a descobrir! E fazemos tudo isto cada vez mais de forma civilizada, cada vez mais de forma mais alargada, mas ainda não o fazemos por completo! Contudo, fazêmo-lo de forma tão global que aos olhos da sociedade parece que as ideologias políticas mais moderadas se confundem e não são originais. Não é verdade! O que se difunde entre todas essas ideologias, manifestadas e organizadas após o 25 de Abril, é a liberdade e a livre expressão da Cidadania – só assim faz hoje sentido Portugal! Abril é e deve ser, por isso, supra-partidário!

Continua nos dias de hoje a cumprir-se Abril; e vai-se cumprindo…

No espírito positivo que os meus 25 anos transportam, gosto de pensar que o entorpecimento em que às vezes nos encontramos, e que parece que nos estanca a corrente de firmeza e evolução, não será mais do que uma pausa de descanso nesta jornada que é fazer cumprir Abril! Se todos os anos por esta altura nos lembramos de todas estas verdades, durante todo o ano elas não são menos verdade por nos encontrarmos em qualquer outro mês do ano – Janeiro, Fevereiro e todos os outros! Não é a vontade que nos faz falta, mas a organização dessa vontade, na estruturação da Sociedade, no desenvolvimento da Economia, na relação financeira com o exterior, em particular na zona Euro e, mais perfurante ainda, na seriedade de quem coordena, de quem chefia e de quem comanda – a transparência deve ser também resultado de Abril. Os remates e os fora-de-jogo que nos querem vender são descrebilizadores e marginalizam a classe de quem decide e de quem executa. Em Democracia a pedra basilar de toda a acção é e deve ser a população e é para ela que se trabalha, é a ela que se prestam contas e é com ela que devemos caminhar lado-a-lado.

Mas Abril vai estando connosco todos os dias, todo o dia: quando saímos à rua sem medo de falar, quando compramos marcas portuguesas e estrangeiras, quando conversamos num café expondo as nossas ideias, quando assistimos televisão e enriquecemos o nosso intelecto ou entretemos o nosso espírito, quando lemos um livro mais ousado, quando navegamos na net e comunicamos sem restrições para além das morais, quando aprendemos a História verdadeira do nosso país… E com tudo isto construímos as nossas atitudes e o nosso pensamento! Por isso faz sentido lembrarmo-nos mais vezes do que significa Abril!

Haverá quem reclame para si os louros de uma tão profunda mudança, mas convém não esquecer que essa mesma mudança ocorreu através de diversas formas de luta. Houve quem tentasse e procurasse mudar o regime do seu interior, como são exemplo a chamada Ala Liberal e o Movimento Reformista; houve quem, de outros países, fizesse chegar a sua voz dando esperança aos que a ouviam e, certamente, será justo lembrar a “Voz da Liberdade” em Argel; mas houve também quem, como cidadão anónimo ou integrado em movimentos clandestinos organizados, lutasse e sofresse com um único objectivo: ser livre! Todos foram importantes, todos continuam a sê-lo; porque para além do que nos separa, todos desejamos poder falar, escrever e expressar-nos livremente! O 25 de Abril não foi uma revolução, mas sim o primeiro passo do caminho que conduziu à Democracia Representativa.

Portugal é, e pode ser cada vez mais, um país desenvolvido e evoluído, já que a matéria-prima é uma realidade: os homens e as mulheres do nosso país são dotados de uma força e de um empreendedorismo sem ímpar – só precisam de ser estimulados! Esse estímulo parte de um Estado que gere e coordena um país onde a livre circulação de pessoas e bens, na complexidade das relações que exigem, nos permite o contacto tão diverso e tão estimulante! Temos as portas abertas a um melting pot dourado – só há que saber aproveitá-lo!

Exemplo disso é a estabilização da nossa Democracia na III República em que hoje vivémos. Pouco depois do 25 de Novembro de 1975, acertou-se definitivamente o passo no nosso país, acabados de sair de um regime totalitário de direita, quase caímos no erro de entrar num regime totalitário de esquerda, mas soubemos moderar as hostes e seguir em frente. Nos anos que se seguiram construímos um regime democrático equilibrado, mais que não seja na questão da representatividade! A fundação da freguesia do Pragal em 1985 (ano em que nasci) é disso exemplo e há 9 nomes que devem ser sempre lembrados: Fernando Almeida e Silva (em representação da Câmara Municipal de Almada), Raul Pereira de Sousa (em representação da Assembleia Municipal de Almada), Aires de Pina Pacheco (em representação da Assembleia de Freguesia de Almada), José Luís Leitão (em representação da Junta de Freguesia de Almada), Joaquim Vieira da Cunha, António Lopes Alface, José Duarte dos Santos, Carlos Lopes de Sousa e Dagoberto Augusto Correia (estes últimos 5, cidadãos eleitores).

Permitam-me um toque mais pessoal: Dagoberto Augusto Correia é meu avô, meu ídolo, uma das presenças mais constantes na minha Educação, uma das pessoas que me ensinou o que é a Liberdade, o contexto, o método e os resultados do dia 25 de Abril de 1974. Pela sua história de vida, pela experiência que acarreta e pelo seu sentido crítico, o meu avô é o exemplo de um homem que ambiciono ser! (A sua presença aqui hoje é para mim uma honra e quero deixar-lhe a minha mais sincera homenagem, que estendo a todos os que fizeram parte desta Assembleia de Freguesia e do executivo da nossa Junta de Freguesia).

Para lá da questão política e administrativa, a nossa freguesia tem outros exemplos de Abril nos seus vários espaços recreativos e associativos; contudo, a sua força e a sua projecção precisam de um novo ânimo que lhes podemos dar!

Aos autarcas cabem 3 acções principais: a proximidade, o respeito e a representatividade da população. Para isso, devem os órgãos autárquicos estar atentos aos problemas prementes das populações e, no caso particular da nossa freguesia, olhar com particular relevo para as instituições de Saúde, os estabelecimentos de Ensino, a limpeza das ruas, a revitalização do parque urbano, a reestruturação dos espaços históricos e a promoção de formação – em última análise, deve a Junta de Freguesia ser um catalisador e um encaminhador dos anseios e preocupações da população.

No disparo de um cravo, Abril é um passo em frente, uma pedra basilar na construção de um Portugal moderno! Modernidade significa ergonomia, bem-estar, sustentabilidade no dia-a-dia! Mais do que a transmissão de ideias, a sua aplicabilidade deve ser cumprida no sentido positivo da sociedade! Assim se cumpre Abril!

Em nome do PPD/PSD,

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade! Viva a Democracia! Viva Portugal!

Pedro André Correia Azevedo

membro da bancada do PSD na Assembleia de Freguesia do Pragal (2009/2013)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Insónia...

Raios partam as insónias!

Fácil de Entender?

Voltei e não sei bem o que dizer...
No meio da confusão de papéis e espaços há poucas certezas...
Afinal, para que servem as certezas? Para nos trazerem a crueza da realidade ou o que julgamos ser a realidade? Para nos fazer agir em conformidade com padrões que criamos e reproduzimos vezes sem conta?
Amanhã quero vestir a bata ao contrário, amarrar o estetoscópio à coxa esquerda, usar gel para ter o cabelo todo em pé e dizer boa noite às 9h da manhã! À tarde, em vez de dar aula de Anatomia, vou cantar para os meus alunos... "Fácil de entender" dos Gift...
E depois tudo isso fica como certo... A bata deixa de ter o avesso escondido, o estetoscópio deixa de andar ao pescoço, o cabelo deixa de estar alinhado, a noite passa a ser de dia e nas aulas de Anatomia canta-se! E nessas novas certezas construía-se um novo mundo!
Sou louco!
Mas às vezes apetece construir um mundo novo! Apagar as memórias que nos envergonham, perdoar atempadamente quem nos magoou, pedir desculpa e evitar cometer erros e, sobretudo, sorrir mais!
A mim fez-me falta sorrir mais vezes nos últimos 25 anos... E acho que até sei porquê!
Habituei-me a encarar a paixão com sofrimento e os projectos com angústia! Entrego-me a tudo e a todos e bato forte com a tromba na parede...
Quantos de nós somos assim? E não me venham com a história do signo Carneiro e o diabo a quatro... A minha personalidade vem da minha predisposição, da minha educação e das influências do que está à minha volta... Ou então vem da Lua ou de outra zona qualquer do espaço extra-galáctico, porque ela é bem esquisita!
E fico-me por aqui, neste mar de palavras que transparecem a confusão do meu pequeno neurónio!
A quem quiser deixo um beijo meu, sem malícia!
A quem quiser deixo um abraço meu, de pura amizade!
A quem ler isto deixo uma nota: não é fácil de entender...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fui!

Já volto!

Sou eu!

Parece que voltei à adolescência e apetece-me dialogar com um qualquer amigo imaginário que me preenche o espaço vazio que tenho! Partilho com quem quiser ouvir e ler. Às vezes tenho interesse, outras vezes interesse nenhum, mas para mim tenho o interesse que julgo ter... e interessa-me! Caio redondo de sono a pensar e acordo ainda com sono mergulhado num qualquer pensamento! Já não tenho crises de identidade, mas de organização! Enquanto assim for, a descoberta acontece!... E eu, pequenino e formiga trabalhadora, por vezes cigarra em pleno ócio, deixo-me levar em filosofias (des)interessantes!
Afinal, a minha paixão e a minha sede por querer entender tudo e mais um pouco, leva-me a refletir sobre coisas mais ou menos exploradas, na minha maneira muito própria de as dizer!
Quase sempre autobiográfico, busco contexto no meu dia-a-dia, e na generalização (mais ou menos generalizada) tento encontrar lógica para os comportamentos, os anseios e os pensamentos.
Agora lembro-me dos meus pais e apetece-me dizer obrigado!
Na estranheza desta afirmação há uma lógica profunda de verdade, porque afinal são só os melhores pais do mundo...
Na escuridão à minha volta, a luz deste monitor focaliza a minha atenção no que escrevo e não tenho vontade nenhuma de parar. Na desconexão que faço da realidade há uma conexão muito forte a mim mesmo, ao que penso, ao que anseio e à forma como me comporto.
Sou preconceituoso, ansioso, metódico, obsessivo e, no fundo, tudo isso tem uma lógica e uma origem. A origem está naqueles a quem agradeci e a lógica está na minha necessidade de encontrar qualquer coisa que me faça sorrir!
Sou mimado, contemplador, apaixonado e exagerado, mas sou genuíno nas palavras, nos actos e no que sinto!
Se sou feliz assim, ainda não sei responder, mas porque sou assim não sei ser de outra forma!
A mim deixo um abraço e aos outros aquilo que quiserem receber! Fui egocêntrico, mas essa é também uma ponta vincada da minha personalidade!

O fim do dia!

O dia acaba em pijama em frente ao computador! Amanhã há mais, mas hoje não me apetece dormir... Em vez de ficar no ócio em frente ao televisor, escrevo qualquer coisa que não enche os olhos ou a alma de ninguém mas deixa-me a mim jogar fora um qualquer pensamento mais pesado que preciso de passar para não sei quem!
Estive de banco e esqueci tudo... Esqueci o mundo cá fora e vivi a vida e as doenças dos meus doentes, fui alertado para coisas que não sabia, observei, auscultei, palpei, falei, ajudei, e fiz muito mais que me deu gozo... Sou médico por gosto e apaixonado por aquilo que faço! O resto, desde as condições de trabalho ao companheirismo entre profissionais de saúde, deixo para reflexões de outro calibre.
Depois veio a reunião em família porque o puto fazia anos... Os sorrisos das crianças valem por demais, mas eu estava cansado... Mesmo assim dois dedos de conversa e, ao chegar a casa, ainda reli a sessão clínica de amanhã!
Agora falta-me qualquer coisa e não quero ir dormir... Não quero... Falta-me alguém aqui e não quero ir dormir... Não quero...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Seco!

Não me apetece escrever textos em que invento uma imagem googlada, apetece-me escrever da forma mais seca que existe...
Estou seco... A saliva não existe, a pele das minhas mãos está seca e uma frieira até já gretou!
Estou seco nas palavras que digo a quem gosta de mim e sou curto, rude, nervoso!
Nervoso sem ser miudinho porque isso já era ser menos seco do que aquilo que estou a ser!
Não quero marcar as férias... não nasci para marcar férias... Não tenho projectos, não tenho chamamentos... Fico-me por aqui e trabalho...
Sei que aquilo que acabo de dizer não é o que penso nem o que sinto, mas hoje é, e é isso que importa! Estou seco demais para marcar férias com água numa praia qualquer, ou seco demais para marcar umas férias com neve numa pista qualquer, ou mesmo seco demais para marcar umas férias com chuva numa Londres/Paris qualquer...
Quero ser seco, apodrecer seco e tenho nojo de mim que sou seco! E mau, às vezes...
Lágrima!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"

"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!", quantas vezes li esta frase!
"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!", estava escrita, como julgo que ainda está, na estação de metro da Cidade Universitária...
"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!", Cesário Verde disse...
"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!", quantas vezes...

Hoje, penso tanto nisso! A faculdade acabada, o hospital sempre na minha vida, todos os dias, eu imperfeito! Não me consigo abstrair de todas as outras solitações e continua a pensar: "Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"...

Mas caramba... Viver em sufoco não é o que se quer! Viver descontraído seria muito melhor... E olho, e vejo, e nunca tenho tempo, e não busco perfeição nenhuma... Quer dizer... Até que busco, mas não encontro... nada acontece como quero, às horas que quero... Mas eu gosto desse grau de entropia estranho...
Nesta meia hora aqui sentado tento digerir um dia num hospital, pensar numa noite, esta mesma noite, e o resto fica para depois... De há uns tempos para cá que parece que tudo fica para depois... Até eu fiquei para depois...
Bolas, não se trata de dizer que ser médico é um mal maior que ser qualquer outra coisa no Universo... Eu é que sinto que devia e podia ser muito melhor... Tenho de estudar! Mais? Caramba, a faculdade não acabou? Mas é tão bom quando se estuda e se ganha mais e mais conhecimento... Mas hoje estou cansado... Sinto-me cansado... Não nasci cansado, mas ultimamente não me lembro de não andar cansado! O cansaço é psicológico, ocupa-nos mais espaço a palavra cansaço que o cansaço em si... Será verdade? Quero ser dedicado à Medicina e a mais mil e uma coisa, e já agora a mim mesmo...
Só não quero perder algumas das qualidades que tinha... mas já não me lembro delas... Deprimido? Um pouco... Ou melhor... Hoje estou mesmo distímico!
"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"...
Só há uma coisa que me vale: é que sempre que vou trabalhar levo um sorriso nos lábios, e esqueço o resto do mundo... Aí tenho a certeza da opção que fiz; opção essa tantas vezes questionada!
"Se eu não morresse nunca e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!"...

Bendito Fado

Fado é patriotismo na saudade de um sorriso. Tarde aprendi a gostar! Uma companhia antes de voltar ao trabalho! Mafalda Arnauth!

"Bendita esta forma de vida
Por mais estranha que seja
Não há outra maior...
Bendita travessa da palha
A de uns olhos garotos
Onde o fado é loucura.

Bendita essa rosa enjeitada
Rosa branca delicada
Ou rosinha dos limões.
Bendito miúdo da Bica
Bendigo a história que fica
Do pulsar dos corações.

Bendito fado
Corridinho ou compassado
Choradinho ou bem gingado
Em desgarrada singular
Bendito fado
Bendita gente
No seu estilo tão diferente
Numa fé que não desmente
A sua sina de cantar
Bendito fado, bendita gente.

Bendita a saudade que trago
Que de tanto andar comigo
Atravessa a minha voz.
Bendito o amor que anda em fama
Numa teia de enganos
Ou feliz, qual água que corre.

Bendita rua dos meus ciúmes
Do silêncio ao desencanto
Não há rua mais bizarra
Benditas vozes que cantam
Até que a alma lhes doa
Pois foi Deus que os fez assim.

Bendito fado
Corridinho ou compassado
Choradinho ou bem gingado
Em desgarrada singular
Bendito fado
Bendita gente
No seu estilo tão diferente
Numa fé que não desmente
A sua sina de cantar
Bendito fado, bendita gente.

Bendita velha tendinha
De uma velha Lisboa
Sempre nova e com gajé
Bendita traça calé
Carmencita linda graça
Tão bonita a tua fé.

Bendito presente e passado
De mãos dadas num verso em branco
À espera de um futuro
Bendigo essas almas que andam
Uma vida à procura
De um luar que vem do céu."

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Escrever

Houve uma altura em que achei que as letras se encaixavam comigo. Eu escrevia o que queria e da maneira que queria - aparentemente tudo me soava bem, achava que sabia o que dizia da maneira mais arrojada ou menos arrojada que encontrava. Hoje, volto a ler o que escrevi e nada me soa assim tão bem!... Fiquei mais exigente, penso de maneira diferente, estou estupidamente diferente nesse aspecto!
Continuo a gostar de escrever e a ter o desejo de agarrar numa caneta ou de colar os meus dedos ao teclado, mas as palavras custam mais a fluir e o que escrevi e o que escrevo é estranho, não parece meu!
São períodos estranhos... Em textos mais ou menos formais quero voltar aqui de novo, muitas vezes...
Terei fóruns e temas, sei que sim!... Quais? Não sei! Afinal, nunca soube!

Rosa Lobato Faria: para ler e sorrir!


Autobiografia


"Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas. Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente mania de acreditar que isso era bom. Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores. E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angústia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem). Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal. Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora. Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eucoitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas. Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves. Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas do mundo e os melhores truques para arear os tachos de cobreque ninguém tinha na vida real). Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais. Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito. Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia queestava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo eme tornam mais disponível, mais alegre, mais nova). Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme. Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, esangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores. Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi. Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante. Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo. Encontramo-nos no meu próximo romance."