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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Se cresceste nos anos 90...


Se cresceste nos anos 90...


- Ainda te lembras de quando valia a pena acordar cedo para ver desenhos animados;

- Sabes de cor a música de pelo menos 4 canções da "Disney";

- Fazias aquelas coisinhas de papel para ver com quem é que te ias casar e os "quantos queres?";

- Cantavas as musicas das "Spice Girls", mas não sabias bem o que é que estavas a dizer (para as meninas...);

- Sabias que a "Power Ranger" cor-de-rosa e o verde ainda iam acabar juntos;

- Não perdias um episódio do "Dragon Ball" (e depois o "Z" e depois do "GT");

- Tiveste, pelo menos, um "Tamagotchi";

- Sabias as músicas dos "Onda Choc" de cor "ele é o reiii, eiii, eiii" (epah... pelo menos, ouvimo-las...);

- Ainda és do tempo em que a Anabela cantava "Quando cai a noite na cidade"... (e em que o país parava para ver o "Festival da Canção da RTP");

- Brincavas aos "Polly Poquet"! (as meninas...);

- Ainda te lembras da coreografia da "Macarena";

- Gritavas "olhós namorados, primos e casados!";

- Choraste quando o Mufasa morreu e, se for preciso, voltas a chorar se voltares a ver o filme outra vez (pelo menos há comoção na história...);

- "Tururururu Inspector Gadget Tururururtutu!";

- Ainda te lembras de ver a tua mãe ou a tua avó a chorar a ver o "Ponto de Encontro" (epah, as minhas não choravam... lol);

- 500$00 dava para tanta coisa! (e cheguei a comprar pastilhas a 2$50);

- "Bem-vindos ao mundo encantado dos brinquedos, onde há reis, princesas, dragões! Heróis de banda desenhada, pulos, saltos e muitos trambulhões! O mundo dos brinquedos está no 'Continente', onde tudo tem mais fantasia! Brinquedos, brinquedos, eles são a nossa maior alegria!" (Leopoldina);

- Todas as tuas decisões importantes eram feitas com um "pim-pu-ne-ta";

- "Velho" queria dizer qualquer pessoa acima dos 17 anos;

- Conhecias pelo menos uma pessoa que tinha daqueles ténis com luzinhas!;

- Quando ias ao cabeleireiro, a tua mão dizia-te que ficavas linda de 'poupa' (novamente para as meninas...);

- Querias sempre um "Push-Pop" e a tua mãe nunca te queria dar porque ficavas todo a colar!!!;

- Levaste pelo menos um sermão por teres colado o teu "Pega-Monstros" ao tecto da cozinha;

- Trocavas "Tazzos" e "Matutolas";

- Vias o "Zig-Zag" e o "Buereré";

- Vias a série "Riscos", no Canal 2, e sentias-te muito mais crescido;

- Achavas piada ao "quarto-escuro";

- Respondias aos insultos com "quem diz é quem é!";

- Lembras-te de ver os "Simpsons" e de não perceberes porque é que, sendo desenhos animados, não tinham graça nenhuma;

- Viste o "Rei Leão" e os "101 dálmatas";

- Já te apercebeste que já não és uma criança, e que sabe bem recordar os momentos que já passaram...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sunscreen


"Ladies and Gentlemen of the class of ’97:
Wear Sunscreen. If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience… I will dispense this advice, now.


Enjoy the power and beauty of your youth; oh nevermind; you will not understand the power and beauty of your youth until they've faded. But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself, and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked…. You are not as fat as you imagine.


Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.


Do one thing everyday that scares you.


Sing.


Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with people who are reckless with yours.


Floss.


Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind; the race is long, and in the end, it’s only with yourself.


Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.


Keep your old love letters, throw away your old bank statements.


Stretch.


Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life… the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.


Get plenty of calcium.


Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.


Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t, maybe you’ll divorce at 40, maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary… what ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either – your choices are half chance, so are everybody else’s. Enjoy your body, use it every way you can, don’t be afraid of it, or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own...


Dance… even if you have nowhere to do it but in your own living room.


Read the directions, even if you don’t follow them.


Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.


Brother and sister together we'll make it through, someday a spirit would take you and guide you there, I know you've been hurting but I've been waiting to be there for you, and I'll be there just helping you out, whenever I can.


Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good.


Be nice to your siblings, they're your best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.


Understand that friends come and go, but with a precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.


Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.


Travel.

Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old and when you do you’ll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders.


Respect your elders.


Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you'll have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.


Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.


Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.


But trust me on the sunscreen…


Brother and sister together we'll make it through, someday a spirit would take you and guide you there, I know you've been hurting but I've been waiting to be there for you, and I'll be there just helping you out, whenever I can."

domingo, 12 de outubro de 2008

Sessão Inaugural do Estágio Clínico - Ano Lectivo 2008/2009


Discurso proferido na Sessão Inaugural do Estágio Clínico da FML, no dia 10 de Outubro de 2008:



Exmo. Sr. Presidente do Conselho Científico da FML - Prof. Doutor H. Bicha-Castelo,
Exmo. Sr. Coordenador do Estágio Clínico do 6.º ano - Prof. Doutor Rui Victorino,
Exmo. Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos - Dr. Pedro Nunes,
Exmo. Sr. Director Clínico do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Prof. Doutor Correia da Cunha
Exmos. Sr. Coordenador da Área Cirúrgica do Estágio Clínico do 6.º Ano – Prof. Doutor Paulo Costa,
Exma. Sra. Chefe da Divisão Académica da FML – Dra. Ana Paula Pereira
Membros dos Orgãos da Gestão da FML e demais entidades representadas,
Docentes da FML,
Colegas do 6.º ano,


Muito bom dia a todos!

Não posso deixar de começar esta minha intervenção sem antes cumprimentar todos os colegas que agora chegam ao 6.º ano da FML – confesso já alguma nostalgia precoce dos tempos de faculdade.

Há exactamente um ano estava na vossa posição. Desde então nunca mais vi todos os meus colegas de curso juntos. É certo que não esperava outra coisa, nem tão pouco sei se faria sentido ou se houve contexto para isso acontecer; mas há uma série de memórias que me ocorrem e que me ligam ainda muito a esse lado – os colegas, as aulas, os exames, o estudo, as Noites da Medicina, as Olimpíadas de Medicina, a Benção das Fitas, toda a minha vida associativa na AEFML, na ANEM e na IFMSA; e todas as outras coisas que fazem parte da vida académica, fazendo parte da nossa também!

No fim de tudo isso quase que se faz um médico! Quase: porque como sabem há ainda, depois da licenciatura (para vocês mestrado integrado), alguns meses até ao início da vida profissional com uma prova pelo meio!

Pedem-me para reflectir convosco alguma da minha experiência no 6.º ano e há uma série de tópicos que gostaria de partilhar. Certo que algumas coisas ficarão por dizer, há algumas noções que julgo serem importantes:


1) A Diferença

O 6.º ano marca a diferença por vários aspectos:
a) A ausência de aulas teóricas e exclusividade de trabalho prático
b) O conhecimento in loco da prática efectiva da Medicina
c) A integração do aluno em equipas médicas de trabalho
d) A representação da pessoa doente e na pessoa doente

É todo um quadro que se conjuga na oportunidade de aplicar na prática muitos dos conhecimentos adquiridos, com a suposta supervisão dos respectivos tutores.

Nós próprios temos uma atitude diferente no cuidado com que avaliamos os doentes, discutimos as situações e, acima de tudo, na responsabilidade que sentimos pelos actos que praticamos.

A juntar a isto, tratam-nos de maneira diferente! Não é invulgar sermos abordados pelo pessoal não-médico e pelos doentes ouvindo a expressão “senhores doutores” que ainda não somos, contudo, aos olhos de quem nos chama, essa expressão acarreta muitas vezes a necessidade de respostas que muitas vezes não temos. Representamos de forma diferente daquela que fizemos até aqui, e julgo que nessa nova representação há uma maior proximidade com a realidade. Não tendo autonomia na decisão, somos responsáveis, mais que não seja, connosco próprios, e muitas vezes somos colocados em situações mais constrangedoras por via da ausência, ainda que de curta duração, da figura do tutor – temos de aprender a lidar com isso!


2) Os Estágios

Em rotatividade pré-estabelecida, ao longo do ano, vão frequentar vários estágios:
- Cirurgia Geral
- Ginecologia e Obstetrícia
- Medicina Interna
- Psiquiatria e Saúde Mental
- Medicina Geral e Familiar
- Pediatria

Grosso modo, a apreciação global da organização dos estágios é positiva. Acredito com convicção que esta pode ser a via de uniformização dos 6.º anos a nível das 7 escolas médicas que há muito se discute, e que muitos preconizam.

Mesmo assim, há ainda algumas arestas a limar, a principal das quais diz respeito ao maior volume de informação efectiva sobre os estágios por parte dos tutores no Hospital de Santa Maria, comparativamente com os restantes locais de estágio. Se podermos apontar esse ponto como uma falha, também podemos dizer que, na maioria dos casos, ela quase que fica colmatada por via da disponibilidade e boa-vontade dos tutores; por isso: aproveitem!

Na oportunidade de frequentar diferentes hospitais e centros de saúde, e de participar em enfermaria, consulta, bloco operatório, urgências (externas e internas); em caso de dúvida de vocação específica, que esta experiência vos sirva de primeira grande plataforma de entendimento.


3) A Avaliação

Ao longo do curso, não raras vezes ouvimos dizer que as notas de 6.º ano são sempre muito boas. Não nego que as médias dos estágios são elevadas, mas se tentar questionar o método de avaliação, tenho dificuldade em encontrar outro que melhor se adeque ao padrão em que o Estágio Clínico está construído.

Contudo, tão importante quanto a avaliação numérica é a avaliação pessoal do estágio nas nossas atitudes e valores e na nossa capacidade de raciocinar em Medicina.

Ao longo do estágio tentem ir aferindo os vossos conhecimentos e capacidades, numa relação próxima com o tutor – os tutores estão lá, estão disponíveis, mas se não-estimulados a ajudar-nos, muitas vezes o tempo passa e nós passamos também sem darmos muito bem conta como passámos por lá!


4) O Harrison e o Sahara

Nunca a expressão de Beauvoir fez tanto sentido: “Todas as vitórias ocultam uma abdicação”. Algumas, não muitas, algumas, muitas… são as abdicações que temos de fazer na busca de uma vitória incerta no exame… Até ao exame todas as outras vitórias parecem efémeras: fim do curso – felicidade – estudo, inscrição na Ordem – felicidade – estudo!

Daqui a pouco mais de um mês vou realizar essa prova. Depois de passada perguntem-me se o meu método resultou, quando é que se deve começar a estudar e todas essas coisas… podia dizer mil e uma, mas elas serviriam para uns e não para outros. Contudo, julgo que o segredo está na planificação e na tentativa de ir cumprindo objectivos de estudo a par e passo – mas não exagerem: desde o fim dos estágios até ao exame têm o Sahara para percorrer… e que grande é esse deserto!!!

No fim, e depois de muitas abdicações e de muito trabalho feito, esperamos ter um resultado positivo!


O meu reduzido período de licenciado, que ainda nem se traduziu por uma entrada no mercado de trabalho, não me permite ter aquelas expressões mais saudosas dos tempos de faculdade, mas há uma coisa que tenho a certeza: findos estes 6 anos há imediatamente uma série de sentimentos contraditórios que nos ocorrem – a felicidade por termos terminado e a nostalgia que vos falava ao início! Talvez essa nostalgia inicial se prenda muito com as nossas relações pessoais, mais do que com a instituição em termos de Ensino.

Em todo o caso, feita uma avaliação rápida pelas 7 escolas médicas, que bem conheço por via das funções associativas que tive, estou certo que a FML, apesar de poder oferecer ainda mais e melhor qualidade no seu Ensino, ocupa os lugares cimeiros dessa grelha – o Estágio Clínico Profissionalizante, de que a FML é pioneira, é uma dessas oportunidades ímpares de contacto com a realidade médica porque como dizia Bonaparte: “A capacidade pouco vale sem oportunidade”!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Magalhães



Mais uma vez, a falta de esclarecimento em Portugal por parte das entidades decisoras e de propaganda marca a agenda actual.
Temos largamente ouvido falar da ideia, concepção, distribuição, venda… enfim… tudo aquilo que envolve o afamado Magalhães – o computador, supostamente de origem portuguesa, que tem o nome do navegador português Fernão de Magalhães, que ao serviço dos reis de Espanha cumpriu a primeira viagem de circum-navegação (1519-1522). Contudo, há um misticismo em torno deste pseudo-boom tecnológico em Portugal que é necessário desfazer!

*** Magalhães ***
O Mais Escandaloso Golpe de Propaganda do Ano


(Este slogan fazia parte de um mail que recebi e cuja veracidade fui investigar. O texto que se segue é um misto entre o conteúdo desse mesmo mail e a minha construção.)

Os noticiários têm falado com pompa e circunstância, anunciando o lançamento do “primeiro computador portátil português” - o Magalhães.
A RTP classificou-o como “um projecto português produzido em Portugal”. A SIC refere que é “um produto desenvolvido por empresas nacionais e pela Intel” e que a “concepção é portuguesa e foi desenvolvida no âmbito do Plano Tecnológico”.
Na realidade, o projecto não teve origem em Portugal: já existe desde 2006 e é da responsabilidade da Intel - chama-se Classmate PC e é um laptop de baixo custo destinado ao terceiro mundo, sendo já vendido há algum tempo através da Amazon.
Em todo o caso, quem ouvir as notícias em Portugal, pensa que este é um projecto completamente novo e com origem no nosso país. Há lá maneira melhor de puxar ao orgulho nacionalista sobre a égide Sócrates.
Mesmo assim, o Portugal Diário avança: “Tirando o nome, o logótipo e a capa exterior, tudo o resto é idêntico ao produto que a Intel tem estado a vender em várias partes do mundo desde 2006. Aliás, esta é já a segunda versão do produto.” Há nesta afirmação mais do que a simples reprodução do comunicado de imprensa do Governo.
Será que a ideia é destruir os esforços de Nicholas Negroponte para o OLPC – One Laptop per Child (Um Computador Portátil por Criança). A ideia original do criador do MIT Media Lab era a criação de um portátil de 100 dólares. A Intel foi um dos parceiros até ver o seu concorrente AND ser escolhida como fornecedor, tendo saído do consórcio criando o Classmate PC, que está a tentar impor aos países em desenvolvimento.
Sócrates acaba de aliar-se, sem concurso, à Intel, para destruir o projecto de Nicholas Negroponte. A JP Sá Couto, que ja fazia os Tsunami, tem assim, sem concurso, todo o mercado nacional do Primeiro Ciclo do Ensino Básico.
Um só conceito: Propaganda Terceiro Mundista!

Consultem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicholas_Negroponte#O_PC_de_USD_100.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Next Life!


"In my next life I want to live my life backwards. You start out dead and get that out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day. You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40 years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol, and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in luxurious spa like conditions with central heating and room service on tap, larger quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm! I rest my case."


("A minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço deq uartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois: Voilá! Acaba como um orgasmo! I rest my case.")


Woody Allen



Qualquer um de nós podia ter escrito isto... Qualquer um de nós gostaria de juntar a sabedoria e os rendimentos do fim da vida com a jovialidade do início da vida! Mas se assim pudesse ser, que interesse e que entusiasmo teria a vida? Metade dos obstáculos já estariam ultrapassados...

domingo, 21 de setembro de 2008

O Regresso às Aulas... (Que Futuro? - A Medicina)


De Janeiro a Dezembro corre um ano civil, mas ao longo do tempo, a maioria dos portugueses, habituou-se a raciocinar de Setembro a Agosto, aguardando com entusiasmo as férias grandes do Verão. Este fenómeno é de todo patente no Ensino, e inicia-se por estes dias o regresso às aulas quer ao nível do Ensino Não-Superior, quer a nível do Ensino Superior.
À parte da azáfama das compras de última hora para mais pequenos e mais crescidos, há um destaque particular dado ao acesso da Ensino Superior por parte daqueles que terminaram o Ensino Secundário em Junho passado.
Nada disto é diferente do que vem acontecendo nos últimos anos, e mais uma vez uma série de questões preocupantes afloram na sociedade civil, nomeadamente a da necessidade, utilidade, e mais preocupante ainda, as saídas profissionais de uma série de licenciaturas/mestrados integrados que se ministram nos nossos estabelecimentos de Ensino Superior; e o confronto destes dados com o investimento realizado na melhoria das qualidades de ensino a nível conceptual e estrutural.
Ao longo do meu percurso académico, que recentemente terminou, tive oportunidade de exercer cargos directivos a nível associativo estudantil e de estar presente em muitas discussões deste género – antes, durante e depois, há um conceito-base das reivindicações estudantis que se vai mantendo ao longo dos tempos: continua-se a pedir a melhoria da qualidade do ensino. E não se trata apenas de uma reivindicação tola e desadequada pela falta de originalidade. No meu caso particular – Medicina – parece que a passos distantes as coisas acontecem sem uma convergência e uma orientação clara dos objectivos. Aumentam-se os numerus clausus e mantêm-se o número de docentes e os espaços físicos; reformam-se programas e procede-se à sua aplicação sem discussão adequada e informação oportuna a todas as partes envolventes (docentes e discentes); fazem-se investimentos sob a égide das faculdades que acaba por se consagrar em larga escala a actividade científica, deixando uma pequena fatia para a actividade docente propriamente dita.
Não neguemos hoje aquilo que se construiu ao longo de muitos anos– as faculdades são importantes centros de conhecimento e de actividade científica, particularmente ao nível da Medicina, mas jamais podemos esquecer a real dimensão destas instituições, que existem para formar condignamente os novos profissionais deste país.
Defendo, por isso, que se deve antes tratar do que temos e só depois pensar em alargar o “império” – quero com isto dizer que, no caso particular da Medicina, devemos pensar em reabilitar os espaços e os programas das instituições agora existentes e depois pensar em institutir o curso de Medicina em outras Universidades.
Em tempo de vacas magras, a criação do curso de Medicina na Universidade do Algarve envolveu-se de um imenso show-off próprio de um ano em que se aproximam as eleições legislativas.
Em primeiro lugar, é bom que se diga que Portugal não tem, numericamente falando, falta de médicos – a nossa média por mil habitantes é superior à da União Europeia –; o que temos é médicos mal distribuídos por especialidade e por região.
Em segundo lugar, é bom que se diga com clareza que o curso de Medicina na Universidade do Algarve, à semelhança dos cursos de Medicina da Universidade da Madeira e dos Açores, não fixarão os futuros médicos aí formados nessas regiões. Finda a licenciatura/mestrado integrado, os recém-licenciados submetem-se a um concurso nacional onde são colocados no binómio especialidade-hospital por ordem previamente estabelecida por um exame da Ordem dos Médicos. Também é bom de ressalvar que os alunos que ingressam no curso de Medicina das Universidades da Madeira e dos Açores apenas cumprem aí os três primeiros anos. Os restantes são realizados na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, respectivamente.
Em terceiro lugar, ao contrário daquilo que se fez parecer, o curso de Medicina da Universidade do Algarve não são novas e mais vagas para a vulgar formação de médicos. São antes vagas disponíveis apenas para quem tenha concluído o primeiro ciclo de 3 anos de licenciaturas em ciências relacionadas com a saúde (p.e. Bioquímica, Enfermagem, Ciências da Saúde, entre outros) e com uma formação muito vocacionada à Medicina Geral e Familiar (vulgo, Médico de Família). Questiono-me se no início dessa formação os formandos não terão determinado tipo de conhecimentos em falta e se no fim da formação não terão o pensamento viciado para a escolha da especialidade.
Reforço a ideia de que esta análise não pretende ser uma apologia contra estas medidas, apenas considero fundamental o esclarecimento pela totalidade e julgo que não podemos dar passos maiores do que a perna, neste caso particular, não queiramos formar médicos à pressão apenas porque sim: façamo-lo com pés e cabeça e ponderadamente.
No fim tudo pode correr bem, mas este início atabalhuado e apressado dá-me receio de que a necessidade de populismo se reflicta em má formação médica.
(Publicado em www.setubalnarede.pt a 01 de Setembro de 2008)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Destino?


Não digam que o destino não existe… É uma valente mentira…
Se eu quero fazer determinada coisa e tenho todas as capacidades para tal, o que é que me impede de concretizar? Raios partam a quantidade de pressões e subpressões, e ondas curtas e ondas médias, e o diabo a quatro, que até a não sei quantas centenas de quilómetros de casa me atormentam! Porque é que há tanta coisa à minha volta que inibe a minha capacidade científica e desmaia a minha motivação para a acção?
Alguém me tire esta dor de cabeça…

sábado, 12 de julho de 2008

A colcha das flores cor-de-rosa

Na casa de todas as avós há, em regra, uma colcha com flores cor-de-rosa.
A colcha das flores cor-de-rosa é muito fresca, com tons de verde fugido pelo meio, um fundo branco e uns folhos a cair pelos lados.
A colcha das flores cor-de-rosa faz parte de uma síndrome mais complexa dos quartos de antigamente. Além da colcha das flores cor-de-rosa há a mesa com a camilha colocada num canto do quarto onde as fotografias a preto e branco dos filhos e a cores dos netos, em molduras mais ou menos rebuscadas, sobressaem do seu tampo; por cima da janela está uma sanefa, forrada com o mesmo tecido da colcha – flores cor-de-rosa – e dela caem os cortinados brancos lisos e os pendentes com o mesmo tecido da colcha – flores cor-de-rosa. As mesas de cabeceira têm cada uma a fotografia de um dos avós: no lado onde a avó se deita está a fotografia do avô e no lado onde o avô se deita está a fotografia da avó; ambas a preto e branco, quais actores de cinema dos anos 50.
A completar todo este manancial, a minha imaginação só consegue fazê-lo lembrando uma bonita mobília em pau-preto, cheia de torniquetes e pormenores.
Apesar de tudo, aquilo que mais marca nesta tela são as flores cor-de-rosa – qual jardim do Éden em plena Primavera!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Política (há muito tempo atrás...)

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão."
Eça de Queirós
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Não acham que está actual?

Loucura


Quem me dera ter só mais um fio de cabelo. Assim bastava arrancá-lo e a dor era só uma, aguda, única, impossível de repetir porque acabavam as hipóteses de arrancar mais um cabelo que fosse.
Assim, tudo é diferente, e farto-me de arrancar cabelos a cada momento malfadado, a cada ocasião menos convergente! Talvez eu próprio tenha uma visão obtusa da realidade e considere que a minha existência deveria ser mais perfeita do que aquilo que é.
O mundo como o vejo é consideravelmente diferente ao mundo visto por qualquer outra pessoa; mas a minha irritação com as pessoas do mundo vai fazer de mim careca, enquanto outros continuarão com um cabelo bem farto!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Vazio!


Pensamento vazio, coração vazio, copo vazio, maço vazio… tudo vazio…
Uma cor que não se vê e um cheiro que não se sente…
Na minha cabeça há um tormento que me enlouquece ao barulho de uns passos quaisquer no fundo do corredor… E está tudo tão vazio, como se não houvesse portas, nem janelas, nem paredes, nem emoções, nem sensações… Um nada que se descreve quase como a morte que nunca ninguém viu!
E os meus entes que já foram, e os que ficam, eu sei lá…
Na loucura de um pensamento vazio não pode haver loucura nenhuma; mas é por estar vazio que estou louco.
Quero prestar-me a qualquer coisa que me traga lucidez; e não sei o quê!
Alguém que volte para ao pé de mim, que me tire desta loucura e que me encha o pensamento, o coração, o copo e o maço!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Sono




Matei-o com café!
Pensei eu que sim… Mas afinal, umas horas depois, ele estava de volta…
Voltei a usar a arma e parece que já não resulta…
Hoje vou-me deixar vencer mais cedo e fazer o que ele quer… Vou deitar-me e fechar os olhos em sono profundo…

domingo, 6 de julho de 2008

Regresso às Origens?

Ao longo dos últimos meses tenho dedicado a minha vida ao estudo! De resto, julgo que é o que vou fazer o resto dos meus dias se quiser ser um bom profissional! Em todo o caso, este é um estudo diferente: em Novembro acontece a Prova Nacional de Seriação, em que os candidatos são seriados com base na nota para a escolha da especialidade. Ou seja, aquilo que irei estudar para o resto dos meus dias será decidido pela nota desse exame, nota essa que depende daquilo que eu estudar agora! Confuso? Nem por isso! Resume-se numa expressão: estou sob um stress do caraças!
Mais a mais, nunca na minha vida cingi as minhas acções por objectivos parcos e sem grande relevo; sempre pautei o meu rumo por etapas de grande tirada – e desta vez não queria que fosse uma excepção! Quero com isto dizer que, por gozo pessoal e objectivo de especialidade pré-determinado, gostava de ter uma nota que me deixasse satisfeito! O estudo que fizer e a sorte que me apanhar toldarão essa nota!
Novo factor: a sorte! Sem dúvida que nada se faz sem sorte, sem uma mão que aparece sabe-se lá de onde e que nos (des)ajuda em determinada tarefa – no exame não será diferente!
Agora que a licenciatura está terminada e que os meus dias não têm grandes obrigações resta-me dedicar a esta causa, sem contudo deixar que a minha vida seja dominada por ela para bem da minha sanidade mental. Mas precisava de fugir e viver uns dias só com o livro… Lógico que não podia ficar sem Internet, nem que seja para continuar a escrever neste meu blog e fazer destes minutos o meu acontecimento social do dia!
Vim para longe, para a terra das origens de parte da minha família… Vim passar por sítios onde há 50 anos os meus avós se conheceram… Estou na terra onde a minha mãe nasceu… Que relação terá isso com a paz de espírito que este local me transmite?
Sinto-me bem aqui! O tempo, apesar de beirão, parece alentejano e corre devagar! Os dias estão cheios de qualquer coisa diferente que não há em Lisboa; e neste lugar sinto-me bem! Rio sem pudor quando uma senhora mais velha, mesmo que tenho andado comigo ao colo, me trata por doutor… É verdade que acabei o curso, mas não me sinto doutor; mas aqui na terra a mentalidade é diferente da das grandes cidades, e “se o neto do Sr. Correia acabou Medicina então é doutor e pronto!” – nada os fará mudar de opinião! Mas vim estudar para ser realmente doutor… E é isso que tenho feito todos os dias!

sábado, 5 de julho de 2008

Por aí...


Estou por aí… Queria estar mais presente mas não consigo… Só consigo estar mesmo por aí…
Um calhamaço atrás de mim… Português, Inglês e Medicina!
Em Novembro tenho o exame da Ordem e até lá estou por aí, mas não desapareci!
Não desapareçam vocês também!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Orgulho…


Fenómeno curioso… Terminei o curso e estou feliz!
Quis curtir em grande cada momento e cada sabor pequenino da sensação espectacular de terminar a minha licenciatura… Terminei Medicina! De repente, em cada telefonema, viro o orgulho da família, o mais-que-tudo da namorada, mereço um abraço forte dos amigos, algumas ofertas, um jantar… Por cada segundo desse dia vivo 6 anos de formação…
E no dia seguinte? No dia seguinte o dia é igual a todos os outros: a Prova Nacional de Seriação espera por mim em Novembro e eu continuo a estudar como todos os dias…

terça-feira, 6 de maio de 2008

Fumo branco... ou fumo negro?


E assim se decidiu! A edição adoptada para a Prova Nacional de Seriação é a 17.ª! Agora é estudar... Entretanto vamos lá ver se sabemos a data do exame! :S

domingo, 4 de maio de 2008

Há mais Mundo para além da Medicina?


Escrever sobre qualquer coisa não é tarefa fácil…
No amadorismo que envolve esta minha experiência julgo fazer aquilo que sei da melhor maneira possível, pese embora o facto de muitas vezes a minha melhor maneira ser classificada pela negativa!
Por esse motivo, muitas vezes, adopto a defesa de me ausentar do meu próprio blog durante algum tempo, como se o deixasse desfalecer para depois aparecer com uma nova pujança!
Em todo o caso, essa sensação de não-aptidão temporária para a escrita tem um motivo bem palpável, e é sobre ele que me proponho falar!

Costumo dizer que ser estudante de Medicina não é nem mais fácil nem mais difícil do que ser estudante de outro curso qualquer! Todos os cursos superiores, cada um nas suas vertentes, têm componentes mais acessíveis e outras menos acessíveis; sendo que essa acessibilidade se relaciona em larga escala com o indivíduo em si e a sua capacidade de trabalho e reacção. Contudo, ser estudante de Medicina é estudar matérias com densidades pesadas – e aqui consigo afirmar que Medicina é um dos cursos mais trabalhosos que conheço.
Longe de mim querer lamuriar-me pelo curso que escolhi – ainda para mais agora, que estou a pouco mais de 2 meses de o concluir. Longe de mim querer que tenham pena de mim porque optei por Medicina em detrimento de Economia ou de Engenharia Química (é verdade, nunca fui muito certo nas horas e as minhas opções eram muito vastas e díspares).
Este conjunto de frases não pretende ser mais do que um desabafo global da minha situação actual e do real desleixo da nossa sociedade, em particular do Estado português, para com os estudantes de Medicina.
Na Educação Médica, como de resto numa série de outros sectores do Ensino Superior em Portugal, há uma falha muito grande de comunicação/informação das entidades decisoras para com os alunos. No fundo, como já tive oportunidade de afirmar neste blog, os estudantes são a razão de ser de qualquer instituição de Ensino e é para eles que se deve centrar a acção e o pensamento dos outros envolventes no processo educativo, ou se preferirem, no processo de ensino-aprendizagem. Foi sempre este o meu lema enquanto agente representativo dos meus pares.
Presentemente, neste ano de 2008, passamos por um processo caricato – Portugal tem hoje 7 faculdades/escolas médicas com alunos que terminam a sua formação médica pré-graduada, que teve início em 2002, mas disparidades e contra-sensos não faltam para serem apreciados:
1. Das 7 faculdades/escolas médicas alguns alunos sairão licenciados, outros mestrados, outros com opção por um ou outro grau académico dependendo da realização de um trabalho/dissertação – bem, no fundo o que quero transmitir é a disparidade de critérios, mais a mais quando à partida todos seremos médicos com o mesmo número de anos de formação, todos concorremos a este jogo conhecendo as regras, e a meio do jogo as regras foram alteradas para uns e mantidas para outros – Bolonha podia ter vindo de forma uniforme, ou não podia? Por outro lado questiono-me das implicações práticas de se ser, em 2008, licenciado em Medicina ou portador do grau de mestre em Medicina…
2. Por outro lado, velha é a discussão da realização de um Exame Final de 6.º ano (ou da realização de provas práticas/teóricas ao longo do 6.º ano) que, no entender da maioria, pretende ser um ano de participação num Estágio Clínico eminentemente prático, de aplicação de conhecimentos e consolidação de matérias – umas faculdades/escolas médicas têm direito à não realização de tais provas, outras têm direito à sua realização. Não se trata de apelar ao facilitismo, nem tão pouco à quase “passagem administrativa”, mas antes apelar à uniformização de critérios tendo por base os mais altos padrões internacionais de Educação Médica e aquela que é a experiência nacional na formação de jovens médicos. Questiono a utilidade de tal exame…
3. A Prova Nacional de Seriação (vulgo, Exame de Acesso à Especialidade) irá acontecer este ano nos velhos moldes a que nos habituámos: questões de escolha múltipla baseadas no célebre tratado Harrison’s – Principles of Internal Medicine. O ano passado, a prova realizou-se a 29 de Novembro com publicação da data da prova em Diário da República a 15 de Outubro – este ano não queremos o mesmo. Bem sabemos que a lei não obriga à publicação da data com antecedência de meses, mas dizem as regras de bom-senso que o estudo para um exame com as características do descrito exige tempo, dedicação, ponderação e paz de espírito; sendo que a afirmação de que o exame se realizará no último trimestre do ano não é 100% tranquilizadora (de 1 de Outubro a 31 de Dezembro é muito tempo). Mais: com a saída da nova edição do tratado este ano, corre a indefinição de qual será a edição adoptada para exame – as diferenças entre elas são substanciais, e a própria editora McGraw-Hill afirma que esta nova edição é a edição com mais alterações de sempre. A maioria dos alunos já iniciou o seu estudo há alguns meses pela anterior edição – em que patamar ficamos? Para quando uma explicação global de critérios e modos de acção?
Outra pergunta pertinente e bem mais lata, seria questionar a real utilidade deste exame… Não haverá outra forma de seriar os candidatos às especialidades, imprimindo a mesma forma uma ordem de escolha? Não será este exame uma negação por parte do Estado e da Ordem dos Médicos à qualidade da formação nas nossas faculdades/escolas médicas?

Muito mais haveria para dissertar sobre Educação Médica. As questões são inúmeras, as incertezas uma constante.
Pese embora tudo isto, há da parte de quem estuda, a real vontade de estudar e de ser bom médico.
Pretendo apenas ter apelado ao bom-senso, e com todos estes anseios justificar a minha ausência do meu próprio blog.
No fundo: há sempre mais Mundo para além da Medicina!!!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Daniel


Sempre que regressas há uma felicidade latente, sempre que partes a sensação é semelhante à primeira vez que te foste embora.
Temos quatro anos de diferença mas muita coisa em comum: a começar pela família, pelo apelido e pela casa! Somos irmãos e conheço-te desde sempre!
Não posso negar que tenho um orgulho escondido em teres entrado no mesmo curso que eu, e não posso deixar de acreditar que tive uma ponta de influência nisso. No final deste ano sou médico, daqui a uns anos tu também serás.
Não posso negar que te invejei quando soube que ias estudar para o estrangeiro, libertares-te das amarras da família muito mais cedo que eu, mas bem sei que a tristeza de estar longe de quem se gosta, em nós que somos pessoas agarradas ao que temos, custa muito e sabe a amargo! No fundo toda a magia que se possa fazer em torno disso tem uma ponta de ilusão, mas sempre vais recarregando baterias quando voltas a casa e encontras a família e os amigos.
Todos por aqui, todos os dias, nos lembramos de ti! Não há ninguém que não te elogie, que não fale de ti com orgulho e que não tenha saudades tuas! Mas mais que isso, todos nós acreditamos em ti e confiamos na tua capacidade de gerires a tua vida longe de nós e com o nosso apoio!
Sempre vão dizendo que somos parecidos, mas eu acho não! Somos irmãos mas somos muito diferentes. Acredito que não seria capaz de passar pela experiência que tu neste momento tens com a força com que a estás a viver. Cada vez que agora olho para ti, sempre que vens até casa, olho para ti com aquela sensação de orgulho especial.
Puto, que tenhas toda a sorte do mundo! Irei concerteza visitar-te algumas vezes – até porque acho que esta distância de tantos quilómetros nos aproximou de outra forma!
Ah… e nunca te esqueças que quando voltares de vez há uma Clíncia Correia Azevedo para abrir! ;)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Acontece que queria ter tempo…


Acontece que queria ter tempo para escrever, e penso no que quero escrever sem escrever em escrita corrente.
Acontece que queria ter tempo para pensar, e não penso em metade do que quero pensar porque penso demais na outra metade.
Acontece que queria ter tempo de correr para os teus braços, e penso que isso não se faz nem de tempo nem de pensamento, mas é intemporal e às vezes psicótico.
Acontece que queria ter tempo para estar com todos vocês, e penso tantas vezes como gerir todo esse tempo para o conseguir, e não consigo.

Não sei se o defeito é meu ou do tempo. Acho que ainda não assimilei de todo algumas mudanças pelas quais as fases da vida nos obrigam a passar.

Longe o poeta dizia,

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o Ser, muda-se a confiança
Todo o Mundo é composto de mudança
Tomando sempre novas qualidades”

E que qualidades adquiri eu? Que vontades novas tenho?
Só quero ter tempo: o tempo que sempre tive e que sempre consegui gerir! Eu era o às do tempo! Driblava com o tempo nas minhas mãos… e fazia o que queria… cheirava o tempo… tocava o tempo… os ponteiros do relógio era eu que os fazia…
Ou então não!... Se calhar eu é que não ocupava tanto tempo com aquilo que do tempo corria.
Sei lá! Só queria mesmo era ter tempo de olhar nos teus olhos, de rir com todos vocês, de sorrir a que merece, e de escrever… Escrever muito… Sobre aquilo que ao tempo o tempo me deixasse escrever!

A minha vida não é assim tão má, o problema é que não tenho tempo! Quer dizer: tenho tempo para fazer alguma coisa, não faço é tudo o que quero. Será que quero fazer coisas a mais?
Mas eu não sei estar parado e deixar-me ver os outros mexer… Não, não é isso: não quero ser mais ou melhor que os outros – só quero perpetuar a minha dinâmica… Mas depois acabo por me dispersar.

E depois aquela maldita coisa electrónica onde metodicamente tento encaixar, em horas certas e cheias de tudo, aquilo que tenho para fazer! E não faço tudo. Quer dizer: faço algumas coisas – outras deixo a meio, outras invento que faço e outras não faço de todo. Mas não é por mal! Eu até gosto do que faço, e até do que acabo por não fazer!

De tempo se faz ao tempo aquilo que do tempo depende. No fundo, tudo depende do tempo e todos dependemos dele.

É tempo de terminar!