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domingo, 7 de janeiro de 2007

A ti que te amo. A mesma que me despreza.

Afinal que relação é esta que temos! Que indefinição que me faz sentir amarrado a um nada que é tudo!
Nunca quis sonhar contigo quando fecho os olhos ao adormecer, e isso acontece-me todas as noites... Todas as noites estás entre luzes de cores garridas meia baças para as distinguir, mas muito fortes para me chamarem a atenção para ti que estás no meio delas!
Nunca entendi a maneira como me tocaste e não foste mais do que uma simples passagem, tão ténue... Nem ficámos próximos um do outro naquele dia em que ocupámos o mesmo espaço!
Mas tu insiste em ocupar o meu espaço. Eu não entrei no teu, não consegui... Tentei, mas negaste-me sempre o acesso!
Queria tanto conseguir ler os teus pensamentos, pensar como tu pensas, o que pensas sobre mim... Mas tu não pensas nada sobre mim, apenas me desprezas, me deitas para um qualquer canto da tua memória e sou apenas mais um que esteve no mesmo espaço que tu, e que tu não deixaste entrar no teu espaço.
Mas tu entraste no meu... Eu até podia ter a porta fechada que tu conseguias entrar na mesma! Não pediste autorização, mas eu não te censurei... simplesmente deixei que assim acontecesse porque afinal, era isso que eu queria!
Mas hoje estou desejoso de ter a tua atenção e não consigo! Hoje queria mais do que nunca sentar-me ao teu lado e falar contigo! Hoje, ontem, amanhã... Mas tu não estás próxima de mim, e para falar verdade, nem sequer sei onde estás! Só queria que não fosses verdade... Que nunca tivesses cruzado o meu caminho!
Com tantos espaços num espaço tão grande, tiveste logo que estar no mesmo espaço que eu e ocupar o teu, o meu...
Sai daqui: hoje não quero fechar os olhos porque sei que vais aparecer, e vais ficar a olhar para mim com o teu ar de desprezo.
Daquela vez, nem um olá me disseste... Apenas te despediste! Já não em lembro se foi com uma palavra, um gesto, um olhar, nada... O que interessa é que te despediste de mim sem nunca me teres saudado à chegada.
Quis morrer, mas hoje quero que tu morras. Podes continuar a viver, mas tens de morrer para mim, porque é impossível eu viver se tu não morreres.
Ou se calhar eu ficaria com remorsos... Mas também que é que isso te interessa?
Afinal é "A ti que amo. A mesma que me despreza."!

[O mote deste texto devo-o à Inês Simões. Nas conversas que tenho tido com ela tenho-a sentido assim como a descrevi. Por mais óbvio que possa parecer, um sentimento nunca é eterno...]

5 comentários:

Nádia disse...

Gostei muito, é um texto que preenche por si só... este blog jah vem tarde... ;) Beijo, nádia

Inês Simões disse...

Obrigada...

Anónimo disse...

heheheh bem que é merecido =)

Anónimo disse...

no fundo, bem la no fundo tambem te sentes assim...pensa bem nisso

EntreNosNaoDa disse...

Belissimo! um sentimento há muito partilhado por "entrenosnaoda"...