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segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Tempo vs. Pessoa


Olhei para o relógio: marcava 02:00...
Pensei em ligar-te! Agarrei no telefone, marquei os números e dei de caras com aquela mensagem predefinida da tua rede móvel... Ou melhor: dei de ouvidos com ela e depois dei-lhe com o botão vermelho! Irritou-me celestialmente querer falar contigo e tu estares ausente...
Porque é que as coisas não acontecem no tempo que eu quero que elas aconteçam? O mundo devia ser meu, só meu, e eu deveria poder gozar com o tempo, fintá-lo, transformá-lo e o maior gozo de todos seria pará-lo. Parar o tempo com uma ordem leve e fina, qual deus do topo do seu pedestal...
Durante o dia andava sempre cheio de nadas que me preenchiam e adiava sempre o contacto que desejei ter contigo. Quando finalmente respirava e queria dizer-te qualquer coisa, nem que fosse para te dizer que o meu dia tinha sido uma merda, não era socialmente correcto ligar-te.
Logo eu que sou um homem olhado por todos como organizado, metódico... e depois não consigo falar contigo, nem com ela, nem com ele, nem com o outro...
Às vezes sinto que ao longo dos anos acumulei tantas coisas, aceitei tantas funções e candidatei-me a tanta coisa, que fui perdendo a noção da real dimensão das minhas capacidades... Não esgotei por fora mas saturei por dentro queria dar um grito e libertar-me de todas aquelas amarras que se tornaram monótonas pelo tempo, pelas novas pessoas e pelos olhares e discussões.
Quando finalmente me libertei achei que ía conseguir concentrar-me em menos máquinas que nos fazem ter acção, máquinas de poder, de pessoas, de estudo... Mas não, afinal toda essa vontade em fazer por fazer bem e como a vontade é intrínseca, saí daquelas amarras que descrevi mas agarrei-me a outras com o mesmo prazer que me agarrei no início às primeiras. E sabem porquê? Porque são novas, renovadas, não apertam, cheiram de maneira diferente, cursam de maneira diferente - e são diferentes porque não são as mesmas.
Agora com novas amarras, passo pela fase de êxtase e já se preconiza uma qualquer ascensão que dizem ser normal... Veremos quando me vou fartar e quando irei mudar de amarras!

[Em memória dos 3 anos e meio de associativismo que fiz no Ensino Superior na AEFML, na ANEM e na IFMSA; e aos novos projectos que agora tenho.]

1 comentário:

Ines disse...

Tempo... Sempre o tempo... A verdade é que ele é que nos finta a nós! Ou o aproveitamos e decidimos o que fazer com ele, ou limitamo-nos a vê-lo passar. Porque quer estejamos realizados ou não, quer nos estejamos a sentir com absoluto controlo sobre ele ou não, ele não irá parar... Nunca! Ou parará?...