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terça-feira, 6 de maio de 2008

Fumo branco... ou fumo negro?


E assim se decidiu! A edição adoptada para a Prova Nacional de Seriação é a 17.ª! Agora é estudar... Entretanto vamos lá ver se sabemos a data do exame! :S

domingo, 4 de maio de 2008

Há mais Mundo para além da Medicina?


Escrever sobre qualquer coisa não é tarefa fácil…
No amadorismo que envolve esta minha experiência julgo fazer aquilo que sei da melhor maneira possível, pese embora o facto de muitas vezes a minha melhor maneira ser classificada pela negativa!
Por esse motivo, muitas vezes, adopto a defesa de me ausentar do meu próprio blog durante algum tempo, como se o deixasse desfalecer para depois aparecer com uma nova pujança!
Em todo o caso, essa sensação de não-aptidão temporária para a escrita tem um motivo bem palpável, e é sobre ele que me proponho falar!

Costumo dizer que ser estudante de Medicina não é nem mais fácil nem mais difícil do que ser estudante de outro curso qualquer! Todos os cursos superiores, cada um nas suas vertentes, têm componentes mais acessíveis e outras menos acessíveis; sendo que essa acessibilidade se relaciona em larga escala com o indivíduo em si e a sua capacidade de trabalho e reacção. Contudo, ser estudante de Medicina é estudar matérias com densidades pesadas – e aqui consigo afirmar que Medicina é um dos cursos mais trabalhosos que conheço.
Longe de mim querer lamuriar-me pelo curso que escolhi – ainda para mais agora, que estou a pouco mais de 2 meses de o concluir. Longe de mim querer que tenham pena de mim porque optei por Medicina em detrimento de Economia ou de Engenharia Química (é verdade, nunca fui muito certo nas horas e as minhas opções eram muito vastas e díspares).
Este conjunto de frases não pretende ser mais do que um desabafo global da minha situação actual e do real desleixo da nossa sociedade, em particular do Estado português, para com os estudantes de Medicina.
Na Educação Médica, como de resto numa série de outros sectores do Ensino Superior em Portugal, há uma falha muito grande de comunicação/informação das entidades decisoras para com os alunos. No fundo, como já tive oportunidade de afirmar neste blog, os estudantes são a razão de ser de qualquer instituição de Ensino e é para eles que se deve centrar a acção e o pensamento dos outros envolventes no processo educativo, ou se preferirem, no processo de ensino-aprendizagem. Foi sempre este o meu lema enquanto agente representativo dos meus pares.
Presentemente, neste ano de 2008, passamos por um processo caricato – Portugal tem hoje 7 faculdades/escolas médicas com alunos que terminam a sua formação médica pré-graduada, que teve início em 2002, mas disparidades e contra-sensos não faltam para serem apreciados:
1. Das 7 faculdades/escolas médicas alguns alunos sairão licenciados, outros mestrados, outros com opção por um ou outro grau académico dependendo da realização de um trabalho/dissertação – bem, no fundo o que quero transmitir é a disparidade de critérios, mais a mais quando à partida todos seremos médicos com o mesmo número de anos de formação, todos concorremos a este jogo conhecendo as regras, e a meio do jogo as regras foram alteradas para uns e mantidas para outros – Bolonha podia ter vindo de forma uniforme, ou não podia? Por outro lado questiono-me das implicações práticas de se ser, em 2008, licenciado em Medicina ou portador do grau de mestre em Medicina…
2. Por outro lado, velha é a discussão da realização de um Exame Final de 6.º ano (ou da realização de provas práticas/teóricas ao longo do 6.º ano) que, no entender da maioria, pretende ser um ano de participação num Estágio Clínico eminentemente prático, de aplicação de conhecimentos e consolidação de matérias – umas faculdades/escolas médicas têm direito à não realização de tais provas, outras têm direito à sua realização. Não se trata de apelar ao facilitismo, nem tão pouco à quase “passagem administrativa”, mas antes apelar à uniformização de critérios tendo por base os mais altos padrões internacionais de Educação Médica e aquela que é a experiência nacional na formação de jovens médicos. Questiono a utilidade de tal exame…
3. A Prova Nacional de Seriação (vulgo, Exame de Acesso à Especialidade) irá acontecer este ano nos velhos moldes a que nos habituámos: questões de escolha múltipla baseadas no célebre tratado Harrison’s – Principles of Internal Medicine. O ano passado, a prova realizou-se a 29 de Novembro com publicação da data da prova em Diário da República a 15 de Outubro – este ano não queremos o mesmo. Bem sabemos que a lei não obriga à publicação da data com antecedência de meses, mas dizem as regras de bom-senso que o estudo para um exame com as características do descrito exige tempo, dedicação, ponderação e paz de espírito; sendo que a afirmação de que o exame se realizará no último trimestre do ano não é 100% tranquilizadora (de 1 de Outubro a 31 de Dezembro é muito tempo). Mais: com a saída da nova edição do tratado este ano, corre a indefinição de qual será a edição adoptada para exame – as diferenças entre elas são substanciais, e a própria editora McGraw-Hill afirma que esta nova edição é a edição com mais alterações de sempre. A maioria dos alunos já iniciou o seu estudo há alguns meses pela anterior edição – em que patamar ficamos? Para quando uma explicação global de critérios e modos de acção?
Outra pergunta pertinente e bem mais lata, seria questionar a real utilidade deste exame… Não haverá outra forma de seriar os candidatos às especialidades, imprimindo a mesma forma uma ordem de escolha? Não será este exame uma negação por parte do Estado e da Ordem dos Médicos à qualidade da formação nas nossas faculdades/escolas médicas?

Muito mais haveria para dissertar sobre Educação Médica. As questões são inúmeras, as incertezas uma constante.
Pese embora tudo isto, há da parte de quem estuda, a real vontade de estudar e de ser bom médico.
Pretendo apenas ter apelado ao bom-senso, e com todos estes anseios justificar a minha ausência do meu próprio blog.
No fundo: há sempre mais Mundo para além da Medicina!!!