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segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Cegueira


Não vejo aquilo que me querem mostrar! Não sou capaz de cair no chão duro e frio e de acordar para o real, para aquilo que existe, e continuo a viver no meu mundo cego ao que me rodeia!
Continuo a imaginar que controlo o tempo e o espaço que por mim passam, e que sou criança pequena cheio de avidez de saber tudo e ansioso por ser adulto! Ainda não sou adulto, mas as decisões que tomei, as pessoas com quem me cruzei, os sentimentos que travei, fizeram de mim um pseudo-infanto-adulto que me fazem reclamar a toda a hora direitos que não tenho e que me fazem não querer a toda a hora deveres que ainda são meus!
Nas teorias mais perfeitas que se escreveram sobre o desenvolvimento dos Homens, talvez já tenha passado a data da minha emancipação, mas continuo a sentir-me preso aquilo que me dá conforto, certeza das coisas e a verosimilhança daquilo que tenho... E ao mesmo tempo não é real!
As casas que frequento e as pessoas com quem falo são diferentes em tudo e por elas, com elas, junto as peças de um futuro mais próximo que o que penso, mas continuo a pensar que controlo o tempo e o espaço.
Ser rei de um reino sem coroa, ser papa de uma religião sem nenhum deus, e ser apenas eu dono de mim mesmo...
Escrever sem caneta, cantar sem voz, ouvir sem sons, correr sem andar, e ser eu como quero ser o que me apetecer fazer!
Cegueira sem razão, cegueira sem emoção, mas a cegueira normal da dúvida e do medo do desconhecido ao acreditar que este momento e este espaço são eternos sem haver o segundo antes nem o segundo depois - e tudo se mantem na mesma!

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