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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Acontece que queria ter tempo…


Acontece que queria ter tempo para escrever, e penso no que quero escrever sem escrever em escrita corrente.
Acontece que queria ter tempo para pensar, e não penso em metade do que quero pensar porque penso demais na outra metade.
Acontece que queria ter tempo de correr para os teus braços, e penso que isso não se faz nem de tempo nem de pensamento, mas é intemporal e às vezes psicótico.
Acontece que queria ter tempo para estar com todos vocês, e penso tantas vezes como gerir todo esse tempo para o conseguir, e não consigo.

Não sei se o defeito é meu ou do tempo. Acho que ainda não assimilei de todo algumas mudanças pelas quais as fases da vida nos obrigam a passar.

Longe o poeta dizia,

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Muda-se o Ser, muda-se a confiança
Todo o Mundo é composto de mudança
Tomando sempre novas qualidades”

E que qualidades adquiri eu? Que vontades novas tenho?
Só quero ter tempo: o tempo que sempre tive e que sempre consegui gerir! Eu era o às do tempo! Driblava com o tempo nas minhas mãos… e fazia o que queria… cheirava o tempo… tocava o tempo… os ponteiros do relógio era eu que os fazia…
Ou então não!... Se calhar eu é que não ocupava tanto tempo com aquilo que do tempo corria.
Sei lá! Só queria mesmo era ter tempo de olhar nos teus olhos, de rir com todos vocês, de sorrir a que merece, e de escrever… Escrever muito… Sobre aquilo que ao tempo o tempo me deixasse escrever!

A minha vida não é assim tão má, o problema é que não tenho tempo! Quer dizer: tenho tempo para fazer alguma coisa, não faço é tudo o que quero. Será que quero fazer coisas a mais?
Mas eu não sei estar parado e deixar-me ver os outros mexer… Não, não é isso: não quero ser mais ou melhor que os outros – só quero perpetuar a minha dinâmica… Mas depois acabo por me dispersar.

E depois aquela maldita coisa electrónica onde metodicamente tento encaixar, em horas certas e cheias de tudo, aquilo que tenho para fazer! E não faço tudo. Quer dizer: faço algumas coisas – outras deixo a meio, outras invento que faço e outras não faço de todo. Mas não é por mal! Eu até gosto do que faço, e até do que acabo por não fazer!

De tempo se faz ao tempo aquilo que do tempo depende. No fundo, tudo depende do tempo e todos dependemos dele.

É tempo de terminar!

4 comentários:

Anónimo disse...

"Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz." Elesiastes

Anónimo disse...

Há muito tempo, demasiado tempo, que aguardava o teu regresso a este blog... já tinha saudades daquilo que escreves e de como o escreves: sempre tão bem. Beijinho grande*

Anónimo disse...

Acontece que tens sensibilidade nas terminações nervosas dos dedos. Daquela que dá comichão no pensamento. Uma verdadeira comichão, enquanto não se liberta. Só pode ser, para poderes escrever assim. E olha que ela não se vai importar se tens tempo, =p.
Gostei muito de ler o que escreves!
Beijos, Emília (P5)

Anónimo disse...

gostei muito de ter notícias tuas, visto que andas desaparecido. Será do tempo? Ou da falta dele? ;)
beijinhos