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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Next Life!


"In my next life I want to live my life backwards. You start out dead and get that out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day. You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40 years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol, and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in luxurious spa like conditions with central heating and room service on tap, larger quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm! I rest my case."


("A minha próxima vida quero vivê-la de trás para a frente. Começar morto para despachar logo esse assunto. Depois acordar num lar de idosos e sentir-me melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a pensão e começar a trabalhar, receber logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos até ser novo o suficiente para gozar a reforma. Divertir-me, embebedar-me e ser de uma forma geral promíscuo, e depois estar pronto para o liceu. Em seguida a primária, fica-se criança e brinca-se. Não temos responsabilidades e ficamos um bébé até nascermos. Por fim, passamos 9 meses a flutuar num spa de luxo com aquecimento central, serviço deq uartos à descrição e um quarto maior de dia para dia e depois: Voilá! Acaba como um orgasmo! I rest my case.")


Woody Allen



Qualquer um de nós podia ter escrito isto... Qualquer um de nós gostaria de juntar a sabedoria e os rendimentos do fim da vida com a jovialidade do início da vida! Mas se assim pudesse ser, que interesse e que entusiasmo teria a vida? Metade dos obstáculos já estariam ultrapassados...

domingo, 21 de setembro de 2008

O Regresso às Aulas... (Que Futuro? - A Medicina)


De Janeiro a Dezembro corre um ano civil, mas ao longo do tempo, a maioria dos portugueses, habituou-se a raciocinar de Setembro a Agosto, aguardando com entusiasmo as férias grandes do Verão. Este fenómeno é de todo patente no Ensino, e inicia-se por estes dias o regresso às aulas quer ao nível do Ensino Não-Superior, quer a nível do Ensino Superior.
À parte da azáfama das compras de última hora para mais pequenos e mais crescidos, há um destaque particular dado ao acesso da Ensino Superior por parte daqueles que terminaram o Ensino Secundário em Junho passado.
Nada disto é diferente do que vem acontecendo nos últimos anos, e mais uma vez uma série de questões preocupantes afloram na sociedade civil, nomeadamente a da necessidade, utilidade, e mais preocupante ainda, as saídas profissionais de uma série de licenciaturas/mestrados integrados que se ministram nos nossos estabelecimentos de Ensino Superior; e o confronto destes dados com o investimento realizado na melhoria das qualidades de ensino a nível conceptual e estrutural.
Ao longo do meu percurso académico, que recentemente terminou, tive oportunidade de exercer cargos directivos a nível associativo estudantil e de estar presente em muitas discussões deste género – antes, durante e depois, há um conceito-base das reivindicações estudantis que se vai mantendo ao longo dos tempos: continua-se a pedir a melhoria da qualidade do ensino. E não se trata apenas de uma reivindicação tola e desadequada pela falta de originalidade. No meu caso particular – Medicina – parece que a passos distantes as coisas acontecem sem uma convergência e uma orientação clara dos objectivos. Aumentam-se os numerus clausus e mantêm-se o número de docentes e os espaços físicos; reformam-se programas e procede-se à sua aplicação sem discussão adequada e informação oportuna a todas as partes envolventes (docentes e discentes); fazem-se investimentos sob a égide das faculdades que acaba por se consagrar em larga escala a actividade científica, deixando uma pequena fatia para a actividade docente propriamente dita.
Não neguemos hoje aquilo que se construiu ao longo de muitos anos– as faculdades são importantes centros de conhecimento e de actividade científica, particularmente ao nível da Medicina, mas jamais podemos esquecer a real dimensão destas instituições, que existem para formar condignamente os novos profissionais deste país.
Defendo, por isso, que se deve antes tratar do que temos e só depois pensar em alargar o “império” – quero com isto dizer que, no caso particular da Medicina, devemos pensar em reabilitar os espaços e os programas das instituições agora existentes e depois pensar em institutir o curso de Medicina em outras Universidades.
Em tempo de vacas magras, a criação do curso de Medicina na Universidade do Algarve envolveu-se de um imenso show-off próprio de um ano em que se aproximam as eleições legislativas.
Em primeiro lugar, é bom que se diga que Portugal não tem, numericamente falando, falta de médicos – a nossa média por mil habitantes é superior à da União Europeia –; o que temos é médicos mal distribuídos por especialidade e por região.
Em segundo lugar, é bom que se diga com clareza que o curso de Medicina na Universidade do Algarve, à semelhança dos cursos de Medicina da Universidade da Madeira e dos Açores, não fixarão os futuros médicos aí formados nessas regiões. Finda a licenciatura/mestrado integrado, os recém-licenciados submetem-se a um concurso nacional onde são colocados no binómio especialidade-hospital por ordem previamente estabelecida por um exame da Ordem dos Médicos. Também é bom de ressalvar que os alunos que ingressam no curso de Medicina das Universidades da Madeira e dos Açores apenas cumprem aí os três primeiros anos. Os restantes são realizados na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, respectivamente.
Em terceiro lugar, ao contrário daquilo que se fez parecer, o curso de Medicina da Universidade do Algarve não são novas e mais vagas para a vulgar formação de médicos. São antes vagas disponíveis apenas para quem tenha concluído o primeiro ciclo de 3 anos de licenciaturas em ciências relacionadas com a saúde (p.e. Bioquímica, Enfermagem, Ciências da Saúde, entre outros) e com uma formação muito vocacionada à Medicina Geral e Familiar (vulgo, Médico de Família). Questiono-me se no início dessa formação os formandos não terão determinado tipo de conhecimentos em falta e se no fim da formação não terão o pensamento viciado para a escolha da especialidade.
Reforço a ideia de que esta análise não pretende ser uma apologia contra estas medidas, apenas considero fundamental o esclarecimento pela totalidade e julgo que não podemos dar passos maiores do que a perna, neste caso particular, não queiramos formar médicos à pressão apenas porque sim: façamo-lo com pés e cabeça e ponderadamente.
No fim tudo pode correr bem, mas este início atabalhuado e apressado dá-me receio de que a necessidade de populismo se reflicta em má formação médica.
(Publicado em www.setubalnarede.pt a 01 de Setembro de 2008)