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sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril

(Discurso proferido na Sessão Solene sobre o 25 de Abril da Assembleia de Freguesia do Pragal no dia 23 de Abril de 2010. A Sessão Solene decorreu na Associação Manuel da Fonseca, na PLURICOOP.)

Exma. Sra. Presidente da Assembleia de Freguesia do Pragal – Dra. Neuza Alves Salgueiro – e demais membros da mesa,

Exmo. Sr. Presidente do Executivo da Junta de Freguesia do Pragal – Dr. Carlos Mourinho – e demais membros do executivo,

Exmo. Sr. Representante do Presidente da Associação 25 de Abril – Capitão de Mar e Guerra Carlos Alberto Marques Machado dos Santos (na sua pessoa cumprimento todos os militares de Abril),

Exmos. Srs. Convidados,

Caros colegas Membros da Assembleia de Freguesia do Pragal,

Demais representantes de órgãos públicos do concelho de Almada,

Cidadãos,

Abril cabe no nosso vocabulário como sinónimo de Liberdade! Sobre este tão simples conceito, de difícil conquista prática, passaram 36 anos de História.

36 anos passados e há uma sociedade renovada! Na aceleração mais ou menos positiva da evolução concreta, das estruturas sociais e da Economia, estão já enraizados conceitos sinónimos de direitos fundamentais. No país em que hoje vivemos preconiza-se a Educação para todos, um Serviço Nacional de Saúde universal, um sistema organizado de Segurança Pública, vias físicas e virtuais de comunicação, a moderação de uma Economia de mercado, o contacto com a Europa onde nos inserimos e com o resto do mundo que em tempos ajudámos a descobrir! E fazemos tudo isto cada vez mais de forma civilizada, cada vez mais de forma mais alargada, mas ainda não o fazemos por completo! Contudo, fazêmo-lo de forma tão global que aos olhos da sociedade parece que as ideologias políticas mais moderadas se confundem e não são originais. Não é verdade! O que se difunde entre todas essas ideologias, manifestadas e organizadas após o 25 de Abril, é a liberdade e a livre expressão da Cidadania – só assim faz hoje sentido Portugal! Abril é e deve ser, por isso, supra-partidário!

Continua nos dias de hoje a cumprir-se Abril; e vai-se cumprindo…

No espírito positivo que os meus 25 anos transportam, gosto de pensar que o entorpecimento em que às vezes nos encontramos, e que parece que nos estanca a corrente de firmeza e evolução, não será mais do que uma pausa de descanso nesta jornada que é fazer cumprir Abril! Se todos os anos por esta altura nos lembramos de todas estas verdades, durante todo o ano elas não são menos verdade por nos encontrarmos em qualquer outro mês do ano – Janeiro, Fevereiro e todos os outros! Não é a vontade que nos faz falta, mas a organização dessa vontade, na estruturação da Sociedade, no desenvolvimento da Economia, na relação financeira com o exterior, em particular na zona Euro e, mais perfurante ainda, na seriedade de quem coordena, de quem chefia e de quem comanda – a transparência deve ser também resultado de Abril. Os remates e os fora-de-jogo que nos querem vender são descrebilizadores e marginalizam a classe de quem decide e de quem executa. Em Democracia a pedra basilar de toda a acção é e deve ser a população e é para ela que se trabalha, é a ela que se prestam contas e é com ela que devemos caminhar lado-a-lado.

Mas Abril vai estando connosco todos os dias, todo o dia: quando saímos à rua sem medo de falar, quando compramos marcas portuguesas e estrangeiras, quando conversamos num café expondo as nossas ideias, quando assistimos televisão e enriquecemos o nosso intelecto ou entretemos o nosso espírito, quando lemos um livro mais ousado, quando navegamos na net e comunicamos sem restrições para além das morais, quando aprendemos a História verdadeira do nosso país… E com tudo isto construímos as nossas atitudes e o nosso pensamento! Por isso faz sentido lembrarmo-nos mais vezes do que significa Abril!

Haverá quem reclame para si os louros de uma tão profunda mudança, mas convém não esquecer que essa mesma mudança ocorreu através de diversas formas de luta. Houve quem tentasse e procurasse mudar o regime do seu interior, como são exemplo a chamada Ala Liberal e o Movimento Reformista; houve quem, de outros países, fizesse chegar a sua voz dando esperança aos que a ouviam e, certamente, será justo lembrar a “Voz da Liberdade” em Argel; mas houve também quem, como cidadão anónimo ou integrado em movimentos clandestinos organizados, lutasse e sofresse com um único objectivo: ser livre! Todos foram importantes, todos continuam a sê-lo; porque para além do que nos separa, todos desejamos poder falar, escrever e expressar-nos livremente! O 25 de Abril não foi uma revolução, mas sim o primeiro passo do caminho que conduziu à Democracia Representativa.

Portugal é, e pode ser cada vez mais, um país desenvolvido e evoluído, já que a matéria-prima é uma realidade: os homens e as mulheres do nosso país são dotados de uma força e de um empreendedorismo sem ímpar – só precisam de ser estimulados! Esse estímulo parte de um Estado que gere e coordena um país onde a livre circulação de pessoas e bens, na complexidade das relações que exigem, nos permite o contacto tão diverso e tão estimulante! Temos as portas abertas a um melting pot dourado – só há que saber aproveitá-lo!

Exemplo disso é a estabilização da nossa Democracia na III República em que hoje vivémos. Pouco depois do 25 de Novembro de 1975, acertou-se definitivamente o passo no nosso país, acabados de sair de um regime totalitário de direita, quase caímos no erro de entrar num regime totalitário de esquerda, mas soubemos moderar as hostes e seguir em frente. Nos anos que se seguiram construímos um regime democrático equilibrado, mais que não seja na questão da representatividade! A fundação da freguesia do Pragal em 1985 (ano em que nasci) é disso exemplo e há 9 nomes que devem ser sempre lembrados: Fernando Almeida e Silva (em representação da Câmara Municipal de Almada), Raul Pereira de Sousa (em representação da Assembleia Municipal de Almada), Aires de Pina Pacheco (em representação da Assembleia de Freguesia de Almada), José Luís Leitão (em representação da Junta de Freguesia de Almada), Joaquim Vieira da Cunha, António Lopes Alface, José Duarte dos Santos, Carlos Lopes de Sousa e Dagoberto Augusto Correia (estes últimos 5, cidadãos eleitores).

Permitam-me um toque mais pessoal: Dagoberto Augusto Correia é meu avô, meu ídolo, uma das presenças mais constantes na minha Educação, uma das pessoas que me ensinou o que é a Liberdade, o contexto, o método e os resultados do dia 25 de Abril de 1974. Pela sua história de vida, pela experiência que acarreta e pelo seu sentido crítico, o meu avô é o exemplo de um homem que ambiciono ser! (A sua presença aqui hoje é para mim uma honra e quero deixar-lhe a minha mais sincera homenagem, que estendo a todos os que fizeram parte desta Assembleia de Freguesia e do executivo da nossa Junta de Freguesia).

Para lá da questão política e administrativa, a nossa freguesia tem outros exemplos de Abril nos seus vários espaços recreativos e associativos; contudo, a sua força e a sua projecção precisam de um novo ânimo que lhes podemos dar!

Aos autarcas cabem 3 acções principais: a proximidade, o respeito e a representatividade da população. Para isso, devem os órgãos autárquicos estar atentos aos problemas prementes das populações e, no caso particular da nossa freguesia, olhar com particular relevo para as instituições de Saúde, os estabelecimentos de Ensino, a limpeza das ruas, a revitalização do parque urbano, a reestruturação dos espaços históricos e a promoção de formação – em última análise, deve a Junta de Freguesia ser um catalisador e um encaminhador dos anseios e preocupações da população.

No disparo de um cravo, Abril é um passo em frente, uma pedra basilar na construção de um Portugal moderno! Modernidade significa ergonomia, bem-estar, sustentabilidade no dia-a-dia! Mais do que a transmissão de ideias, a sua aplicabilidade deve ser cumprida no sentido positivo da sociedade! Assim se cumpre Abril!

Em nome do PPD/PSD,

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade! Viva a Democracia! Viva Portugal!

Pedro André Correia Azevedo

membro da bancada do PSD na Assembleia de Freguesia do Pragal (2009/2013)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Insónia...

Raios partam as insónias!

Fácil de Entender?

Voltei e não sei bem o que dizer...
No meio da confusão de papéis e espaços há poucas certezas...
Afinal, para que servem as certezas? Para nos trazerem a crueza da realidade ou o que julgamos ser a realidade? Para nos fazer agir em conformidade com padrões que criamos e reproduzimos vezes sem conta?
Amanhã quero vestir a bata ao contrário, amarrar o estetoscópio à coxa esquerda, usar gel para ter o cabelo todo em pé e dizer boa noite às 9h da manhã! À tarde, em vez de dar aula de Anatomia, vou cantar para os meus alunos... "Fácil de entender" dos Gift...
E depois tudo isso fica como certo... A bata deixa de ter o avesso escondido, o estetoscópio deixa de andar ao pescoço, o cabelo deixa de estar alinhado, a noite passa a ser de dia e nas aulas de Anatomia canta-se! E nessas novas certezas construía-se um novo mundo!
Sou louco!
Mas às vezes apetece construir um mundo novo! Apagar as memórias que nos envergonham, perdoar atempadamente quem nos magoou, pedir desculpa e evitar cometer erros e, sobretudo, sorrir mais!
A mim fez-me falta sorrir mais vezes nos últimos 25 anos... E acho que até sei porquê!
Habituei-me a encarar a paixão com sofrimento e os projectos com angústia! Entrego-me a tudo e a todos e bato forte com a tromba na parede...
Quantos de nós somos assim? E não me venham com a história do signo Carneiro e o diabo a quatro... A minha personalidade vem da minha predisposição, da minha educação e das influências do que está à minha volta... Ou então vem da Lua ou de outra zona qualquer do espaço extra-galáctico, porque ela é bem esquisita!
E fico-me por aqui, neste mar de palavras que transparecem a confusão do meu pequeno neurónio!
A quem quiser deixo um beijo meu, sem malícia!
A quem quiser deixo um abraço meu, de pura amizade!
A quem ler isto deixo uma nota: não é fácil de entender...